Vou dar um exemplo que li outro dia sobre a evolução do tratamento
clássico ‘Vossa Mercê’ que vem do português culto, ou arcaico como alguns já o
denominam. Os escravos e as pessoas pouco alfabetizadas transformaram a expressão
‘Vossa Mercê’ em ‘Vosmissê’, que posteriormente foi adotado por todos por ser de
mais fácil dicção. A partir daí foi adaptado para a forma mais comum: ‘Você’,
que ganhou uma variação simplória para ‘Cê’ e, atualmente na linguagem da
internet, escreve-se somente ‘vc’.
Vejam o caso da expressão “Vamos embora”; ela foi modificada pelo Baianês
para ‘Vumbora’, que posteriormente foi cortada e surgiu a gíria ‘Bora’ e esta
por sua vez já foi simplificada para ‘Bó’. Daí ganhou uma versão mais cheia de
malemolência e criatividade do baiano que é ‘Borimbora’, adaptada de ‘Vumbora
embora’, quase um pleonasmo. Mesmo sendo nativo dessa terra por vezes ouço
diálogos que não entendo o linguajar, isso também acontecia em São Paulo e
também quando me reunia com os amigos gaúchos, todos os lugares acabam por criar
expressões regionais que só enriquecem nosso vocabulário.
Para dar um gostinho vou citar algumas expressões contidas no
dicionário:
Comer água – beber
com amigos, com sentido de comemorar.
Dei um
ninja – escapei de um compromisso ou algo desagradável.
Vai chorar,
é? – quando alguém fica cheio de explicações sobre alguma coisa que
aconteceu. Ex: time do Bahia perde o jogo e o torcedor fala que o time perdeu porque
estava sem os titulares e o que o juiz roubou, etc. Quem está ouvindo esse monte de
desculpas diz: "vai chorar, é?"
Larga o
doce – desembucha, fala logo.
A ideia do Nivaldo Lariú é pura diversão, se você é baiano vai rir
bastante com suas próprias gags, mas se você é turista saberá por que o baiano
é tão ‘gente boa’.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Restaurante Pereira (varanda)
Data: 02/02/2016
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