Orfeu é uma das mais lidas e encenadas obras da mitologia
grega. Já Orfeu da Conceição faz parte da tragédia carioca, ambientada numa
favela traz para o grande público o universo de um compositor que perde sua
musa e se rende à dor. Num feriado de carnaval a história de amor entre Orfeu e
Eurídice tem um final trágico, o sambista que vive no morro é filho de pai
músico e mãe lavadeira. A paixão que os une desperta o ciúme doentio de Mira,
ex-namorada de Orfeu que influencia Aristeu, apaixonado por Eurídice, a matá-la.
No exemplar que pretendo abandonar há um detalhe bem
bacana na obra que é a cifra de todas as músicas compostas para o espetáculo,
para quem sabe tocar violão é a oportunidade de cantar enquanto lê a obra. As
músicas de Vinícius, estreando a parceira com Tom Jobim, são imortais: Se Todos
Fossem Iguais a Você, Lamento no Morro, Um Nome de Mulher, Eu e o Meu Amor,
etc, são canções que faziam parte do LP lançado posteriormente à obra e estão
imortalizadas.
Algumas curiosidades sobre a peça musical é que o cenário
foi feito pelo Oscar Niemeyer e a estreia foi em setembro de 1956 no Teatro
Municipal do Rio de Janeiro, no elenco estava Abdias Nascimento, Haroldo Costa,
Ademar Pereira da Silva e Ruth de Souza, dentre outros. Era a primeira vez que
atores negros pisavam o palco do Teatro Municipal. O elenco composto por atores
negros foi exigência do próprio Vinícius, como está escrito na sua biografia:
“Todas as personagens da tragédia devem ser normalmente representadas por
atores da raça negra, não importando isto em que não possa ser, eventualmente,
encenada com atores brancos.”
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Banco da praça em frente ao restaurante Coco Bahia
Data: 13/02/2016
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