domingo, 25 de agosto de 2013

LIVRO DE HISTÓRIAS


Cumprindo outra promessa que fiz, decidi vasculhar minha estante para abandonar um livro de contos. Mas como não queira um livro qualquer fui buscar na obra de João Ubaldo Ribeiro (1941) um livro quase esquecido que nem consta em algumas cronologias escritas por aí sobre o autor.

É uma obra bem divertida com 15 contos, ou histórias como o João Ubaldo gosta de referir-se, na qual podemos decidir a ordem de leitura sem que isso venha a prejudicar o entendimento uma vez que não há relação entre elas, a não ser, claro, o estilo arrebatador e único do autor que vocês já conferiram aqui em dois post: A Casa dos Budas Ditosos e Sargento Getúlio.

A obra que pretendo abandonar está na versão original publicada em 1981 na edição com capa dura do Círculo do Livro. Dez anos depois ganhou uma nova edição com o título “Já Podeis da Pátria Filhos e Outras Histórias” que inclui mais dois contos “Patrocinando Arte” e “O Estouro da Boiada”.

Em todas as histórias somos inebriados pelo poder narrativo do autor e tocados pelo despojamento, magia e a profundidade dos personagens. Nas linhas escritas desfilam venturas e desventuras, cômicas e tragicômicas, sem encobrir a sabedoria e a coragem com que o povo da ilha de Itaparica e do sertão baiano enfrenta os desafios e as dores da vida.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Salvador Shopping - Louge Loja Granado
Data: 06/10/2013

domingo, 18 de agosto de 2013

FORTALEZA DIGITAL


Já escrevi aqui no blog, post O Código Da Vinci, janeiro/2013, que acho o Dan Brown (1964) um gênio. Recentemente quando li no jornal sobre a denúncia de que o governo americano vigia nossa privacidade cibernética e telefônica imediatamente lembrei-me do primeiro livro do autor chamado Fortaleza Digital, lançado em 1998, que trata exatamente do assunto. Seria Dan Brown também um visionário?

Brincadeiras à parte, essa semana fiquei boquiaberto ao ler no jornal Correio, dia 17/08, que a NSA, Agência de Segurança Nacional dos EUA, excedeu sua autoridade legal e violou leis de privacidade monitorando ligações e e-mails sem autorização. Na quinta feira, dia 15/08, já tinha lido no mesmo jornal que o Google admitiu não possuir uma “expectativa razoável” de que as mensagens do Gmail sejam totalmente confidenciais.

O livro do Dan Brown conta uma aventura dentro da agora famosa NSA vivida pela criptógrafa Susan Fletcher, funcionária do governo e seu noivo, o professor civil David Becker, convocados pelo vice-diretor da instituição para desvendar o mistério do algoritmo de encriptação inquebrantável chamado Fortaleza Digital. Criado por um ex-funcionário com o intuito de vingar-se dos EUA, o algoritmo é um sistema que devolve aos cidadãos do mundo a privacidade de suas mensagens, mesmo aquelas que estão criptografadas. Com um discurso americanizado de trabalhar para a paz mundial a NSA detém o poder de vigiar tudo e todos através de um computador superpotente chamado de TRANSLTR, que decodifica mensagens e intercepta ligações, com a intenção de interromper planos de terroristas e ditadores em guerra que ameaçam a segurança do planeta. Com a divulgação do Fortaleza Digital o tal TRANSLTR que custou bilhões de dólares teria a mesma função que tem hoje um CP 500, ou seja, sucata.

Embora seja o primeiro livro do autor, ele já tem o estilo que o consagraria em O Código Da Vinci; capítulos curtos, raciocínio rápido, ritmo alucinante, capacidade de converter assuntos complexos em fácil entendimento para qualquer leigo e roteiros que deixam uma dúvida no ar... Será mesmo tudo ficção?

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Caixa Cultural - Rua Carlos Gomes
Data: 28/09/2013

domingo, 11 de agosto de 2013

CONFIE EM MIM



Pedi esse livro de presente de Natal em 2010, aqui em casa é assim, os mais próximos ligam para saber que livro quero de presente para não correr o risco de me dar livros que já li. Embora goste muito de presentear pessoas confesso que não gosto de receber presente, tanto que ignoro quase que completamente a data do meu aniversário, eliminando assim uma das datas em que as pessoas se sentem quase que na obrigação de te comprar alguma coisa. A outra data é o Natal e essa é impossível de ignorar, a não ser que você vá morar na ilha de LOST.

O título que pedi na época estava numa lista de livros recomendados pela editora Sextante, apesar de nunca ter lido nada do autor Harlan Coben (1962) foi o subtítulo da obra que me chamou a atenção: “Até onde você iria por amor à sua família?”. O livro amargou quase um ano na estante junto a outros ainda não lidos até que um dia o peguei. Durante o fim de semana não consegui larga-lo, quando acabei foi como se tivesse tomado uma paulada. Então consegui compreender o que o Dan Brown escreveu sobre o autor: “Harlan Coben é mestre em prender a atenção do leitor e criar histórias surpreendentes. Ele vai seduzir você na primeira página apenas para chocá-lo na última.”.

A história começa quando os pais de Adam decidem instalar um programa de monitoração no computador do filho, o garoto estava cada vez mais distante e arredio depois do suicídio de seu melhor amigo. Já estavam quase desistindo do monitoramento quando uma mensagem muda completamente o rumo dos acontecimentos. E é exatamente nesse ponto que a mãe do garoto morto acha uma foto que pode dar outra conotação ao acontecido. Interpelado sobre o fato Adam desaparece misteriosamente. O autor vai nos conduzir por caminhos intrincados e muito bem escritos e nos torna cúmplices de histórias paralelas sem que isso venha a prejudicar a trama principal, até porque tudo estará relacionado no final.

O autor nos leva a pensar sobre o que é invasão de privacidade e o que faríamos para defender nossos filhos, qual é o limite entre confiar e intervir. Tire você mesmo suas próprias conclusões.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Laboratório LEME - Brotas
Data: 24/08/2013

sábado, 3 de agosto de 2013

ANTOLOGIA POÉTICA DE FERNANDO PESSOA


Há um poeta em mim que Deus me disse...

Recentemente os leitores do blog testemunharam uma das minhas muitas fragilidades, a de não conseguir abandonar livros de poesia. Não que eu seja um leitor costumaz de poemas, até gostaria de lê-los com mais frequência, mas os livros que tenho são importantes para minha formação como ser humano e leitor, carregam uma carga emotiva bem forte. Todas as vezes que olhava a estante e pensava neles sentia que ainda não estava preparado para abandona-los.

Hoje eu acordei e pensei, porque não? Já abandonei livros que foram tão importantes na minha formação, posso citar vários: O Amor nos Tempos do Cólera, Diário de um Ladrão, Um Sopro de Vida, Feliz Ano Velho, O Caçador de Pipas,  Meu Pé de Laranja Lima, e tantos outros. Fui buscar um livro curto que ganhei do meu amigo Walter em dezembro de 1986, não tem toda a obra, mas é um começo para gostar de ler Fernando Pessoa (1888-1935). A antologia poética tem muito a ver com quem a organizou, no livro em questão a introdução e a seleção dos poemas foram feitas por Walmir Ayala (1933-1991) que além de romancista, teatrólogo, crítico de arte, foi também poeta e, em parceria com Manuel Bandeira, organizou a série Antologia dos Poetas Brasileiros – Fase Moderna, para a editora Ediouro.

Na edição que pretendo abandonar tem uma introdução muito bacana com uma biografia sintetizada do Fernando Pessoa incluindo no final do livro uma cronologia da vida do poeta. A seleção dos poemas abrange as obras que o Fernando Pessoa assinou como ele mesmo e também por seus heterônimos Alberto Caieiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Diferentemente dos pseudônimos os heterônimos tem personalidade poética própria, identidades falsas que tem manifestações diferentes do autor original. Um quarto heterônimo de grande importância na obra de Fernando Pessoa é Bernardo Soares a quem ele concedeu a autoria do Livro do Desassossego.

A frase que abre o post é do poeta e faz parte do livro, assim como os trechos abaixo. É para acalentar a alma.

“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
                                Fernando Pessoa

“Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
                         Ricardo Reis

Cidade do abandono: Rio de Janeiro/RJ
Local: Hotel Guanabara - Ap 1002 - Gaveta do armário
Data: 16/08/2013