domingo, 27 de novembro de 2011

O ANALISTA DE BAGÉ


A exemplo do que já havia feito com o detetive ED Mort, que também já foi motivo de post aqui no blog em outubro de 2010, Luis Fernando Veríssimo (1936) comprova o talento e a sua impressionante vertente ficcionista ao criar O Analista de Bagé, uma boa combinação da rude sinceridade e franqueza do homem do interior gaúcho com a sofisticação da análise freudiana.
O Analista de Bagé é um personagem de humor cuja publicação se iniciou em 1981, ganhando, além da literatura, versões em quadrinhos, uma página da revista Playboy entre 1983 e 1992, e uma adaptação para o teatro. Publicado originalmente em forma de crônica, e editado em diversos jornais do país, as histórias de O Analista de Bagé retratam o estereótipo da personalidade típica dos “bageenses”, pelo menos assim é que o próprio autor revela o personagem logo na primeira crônica.
Com histórias curtas e ótimas para ler em qualquer lugar, você irá gostar muito desse personagem que teve uma infância normal para os padrões gaúchos, ele mesmo revela que aprendeu tudo que sabe no galpão, e o que não aprendeu no galpão aprendeu atrás do galpão. Psicanalista de linha ortodoxa e palavras marcantes, ilustradas pelas sábias metáforas do universo popular do Rio Grande do Sul, o próprio personagem se diz “mais ortodoxo que pomada Minancora”, apesar de usar algumas técnicas consideradas bastante heterodoxas, como por exemplo: ‘a técnica do joelhaço’. Essa técnica está baseada no princípio da dor maior, isto é, quando o paciente começa a se queixar de suas dores subjetivas, o analista aplica-lhe o joelhaço. Aplicado no local correto oferece ao sujeito a vivência de uma dor tão mais intensa que faz com que se esqueça de dores consideradas pelo Analista como “dores menores”.
Você seria capaz de experimentar?
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Shopping Passeo Itaigara
Data: 26/02/2012

sábado, 12 de novembro de 2011

TARDE DEMAIS PARA CHORAR... CEDO DEMAIS PARA MORRER


Sei que posso parecer repetitivo, mas não canso de dizer que gosto muito de histórias e o que mais procuro nos livros são as histórias, sejam elas alegres, tristes, aventureiras, transformadoras, enriquecedoras, empobrecidas, simplórias... Todas, absolutamente todas, me interessam. Acho que também já disse por aqui que não sou muito chegado aos livros de auto-ajuda, ou aqueles que tem a receita certa para tudo: ser líder, ser mãe, ser empresário, ter um namorado(a), ou seja lá o que for, definitivamente receitas não me interessam, com exceção, claro, de receitas culinárias, aí sim, acredito que livros ensinam realmente a cozinhar, ou a ter aquela noção da alquimia dos alimentos.
Mas o que o parágrafo anterior tem a ver com o livro? Simplesmente tudo. Tarde Demais para Chorar... Cedo Demais para Morrer é um projeto da escritora Edith Pendleton (1952), especialista em redação científica, que escreveu durante muitos anos uma coluna no jornal Nashville Banner e na revista World do National Geographic Magazine. O projeto foi inspirado por um grupo de adolescentes que participou do Congresso Nacional dos Candlelighters, uma associação de apoio formada em 1976, e seus comentários forneceram as primeiras transcrições para a idéia de um livro que, longe de ser uma obra datada, ou daquelas que fornecem receitas, é uma obra cheia de histórias.
Estamos em 1980, ano do lançamento desse livro que tem a coragem de falar, bem às claras, de um assunto considerado secreto, e até maldito: ter câncer. São depoimentos de 35 jovens que tiveram ou tem câncer e o livro registra as experiências e o que pensam essas pessoas. Alguns apenas relatam o que lhes aconteceu no pós diagnóstico, outros usam os exemplos de suas vidas e dão conselhos sobre etapas do processo e sobre a esperança.
O certo é que ter câncer, em qualquer idade, imprime o assunto em cada pensamento e traz consigo um curso rápido de amadurecimento, é capaz de devastar prioridades e modificar radicalmente a vida. Lê-lo fará com que se tenha uma visão renovada, não só da doença em si, mas do próprio valor da vida.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Banco do Brasil - Ag. Passeo Itaigara
Data: 26/02/2012

domingo, 6 de novembro de 2011

BOCA DE LUAR


Será que vamos conseguir que o dia 31 de outubro no Brasil seja comemorado o Dia D? E nesse caso não estou me referindo ao fatídico Dia D em que as tropas dos aliados ocidentais desembarcam na França dando início a fim da II Guerra Mundial, a pior e maior guerra travada até então. Refiro-me à iniciativa do Instituto Moreira Salles em propor que este dia seja dedicado à poesia de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).
Li no Blog do Roberto Camargo (http://robertinhocamargo.blogspot.com) um post muito bacana sobre o assunto intitulado ‘Dia D, de Drummond’ e isso me inspirou ainda mais. Assim como o Roberto eu compartilho da idéia de termos um momento do dia para a poesia, ou a obra poética como preferem alguns. Perde-se tanto tempo com coisas bobas e um minuto do seu dia, composto de 1.440, poderia ser dedicado aos poetas renomados e também a aqueles ainda desconhecidos, e aí aposto todos os meus livros do Mário Quintana como seu dia seria bem melhor.
Para fugir um pouco do Drummond poeta, decidi abandonar uma coletânea de crônicas intitulada Boca de Luar. Em 1984, ele escreveu sua última crônica para o Jornal do Brasil, atividade que manteve durante décadas, e nesse mesmo ano organizou o livro com alguns textos que publicou desde que passou a escrever para o jornal. Segundo o próprio Drummond, o critério foi reunir o que ele considerou como “obras não perecíveis”.
Como todo livro que reúne textos diversos algumas histórias agradam e outras nem tanto, algumas perdem a tonalidade ou a atualidade, mas algumas permanecem como se fossem maracujás, podem enrugar, mas o cheiro continua. Eu amo a história velhinha que pede ajuda... Não vou contar aqui pra te deixar bem curioso.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: G2 - Salvador Shopping
Data: 26/02/2012

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A FILHA PRÓDIGA


Não é novidade no blog e já escrevi muito sobre continuações, ou sequências como as editoras gostam de nomear. Então aproveito para abandonar uma continuação que, na minha modestíssima opinião, é excelente. Curiosamente eu comecei a ler no dia seguinte ao término de Caim & Abel. Não tenho idéia se o Jeffrey Archer o escreveu por força da editora, ou por causa do sucesso do livro anterior, mas exatos três anos depois do lançamento de Caim & Abel ele nos brinda com A Filha Pródiga. Poderia ser ruim, mas não o é, poderia ser repetitivo, mas isso passa ao longe, e poderia ser enfadonho, mais do mesmo, mas Jeffrey nos brinda com ótimas surpresas.
No primeiro livro os protagonistas são Abel e William, dois magnatas poderosos, e a história de seus filhos Florentyna e Richard, respectivamente, é recortada pelas vidas dos pais e tem mais destaque no momento em que se apaixonam, casam e são deserdados.
A Filha Pródiga narra a trajetória obstinada Florentyna Rosnovski, garota decidida, rica, bonita, inteligente, que traça desde muito cedo um plano ambicioso para sua vida, o de tornar-se a primeira mulher a chegar à Presidência dos Estados Unidos. O livro também é uma saga e vai de 1934 até o ano de 1995 numa ritmada sucessão de episódios em que conhecemos o temperamento rebelde da garota que nem a governanta inglesa nem as professoras conseguem dominar. O ápice da rebeldia vem quando ela aceita o pedido de casamento do filho do maior inimigo do deu pai e é a partir daí que vemos a determinação dessa mulher para conquistar o seu destino.
Um mérito importante tenho que conceder ao autor, o ano era de 1982 e o livro descortina e descreve de maneira muito convincente e clara os meandros da política contemporânea e o quanto uma mulher pode ser subestimada.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Louge Salvador Shopping - 1. Piso
Data: 26/02/2012