domingo, 15 de maio de 2011

UMA MULHER QUE FAZ


Um dia estava passeando pela FNAC em São Paulo, coisa que gostava muito de fazer quando morei por lá principalmente depois da inauguração da filial da Av. Paulista que era pertíssimo da minha casa, dava pra ir a pé, e me deparei com uma parede de livros, dessas que a editora paga para a livraria arrumar e assim divulgar o lançamento, estratégia de venda muito comum no varejo, e o livro do momento era Uma Mulher Que Faz, a autora: Lucimara Parisi.
Todo mundo à época sabia quem era Lucimara Parisi, diretora do Domingão do Faustão, uma das criadoras do histórico programa Perdidos na Noite, amiga de famosos, figurinha fácil das revistas de celebridade, mas escritora... Eu não conhecia essa vertente, embora soubesse que ela era jornalista. Não resisti e comprei o livro.
A obra é uma autobiografia com ares de livro de auto-ajuda, que definitivamente não é a minha praia, e uma pitada de revista Caras, já que o livro é recheado de fotos, muitas fotos. Mas tem um dado aí de que eu gosto muito, “histórias”, quem já leu alguma coisa nesse blog sabe que eu gosto muito de histórias, ‘causos’, relatos, e isso move minha curiosidade de leitor.
Na minha modestíssima opinião o livro está longe de ser uma obra prima da literatura, um livro imperdível, mas a vida contada pela própria Lucimara, romanceada ou não, aumentada, inventada, verídica, vale a pena pelo inusitado ou por mera curiosidade. Ela conta sua trajetória pessoal e profissional: do curso de datilografia ao trabalho como figurante na TV Paulista, de dubladora na TV Tupi a produtora de esportes na Rádio Nacional, até a chegada à Globo junto com o Fausto Silva. São histórias engraçadas e peculiares sobre os bastidores de um programa de TV, do encontro com pessoas famosas, dessas que fazem a social numa festa entre amigos e que nos faz gargalhar entre um gole e outro de bebida.
Duvido que um dia Lucimara Parisi seja convidada a disputar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, acho inclusive que isso não deve passar pela sua cabeça, mas que o livro me deu algumas horas de descontração lá isso deu.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Laboratório SOL - Brotas
Data: 01/07/2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

RETRATOS DE UM CASAMENTO


Encerrei o mês de abril com um livro sobre homens, mais especificamente sobre o universo masculino, seja ele visto e/ou revisto por homens ou mulheres, e dedicarei este mês de maio aos livros com histórias femininas uma vez que é foi homologado pelo imaginário popular como mês das mulheres, mães e noivas. Claro que pode parecer óbvio ter o assunto ‘mulher’ justamente no mês de maio, mas não me incomodo em parecer tradicional mesmo que por vezes, nós, blogueiros, tenhamos o fardo de ser sempre modernos, antenados, fora dos padrões. Ufa! Isso cansa.
O livro que escolhi para começar é Retratos de um Casamento, escrito sob a alcunha de autobiografia, quando se lê percebe-se que aí existem três versões: a de Vita Sackville-West, mulher forte e determinada a romper paradigmas, principalmente nos quesitos amor e sexualidade, a do seu marido Harold Nicolson, homem apaixonado pela esposa e que também não se furta à suas aventuras extraconjugais, e, por fim, a de um dos filhos do casal, Nigel Nicolson, intitulado co-autor da obra e responsável por reunir os escritos da mãe após a sua morte em 1962, trabalho nada fácil para a época.
Nos escritos de Vita, extraídos do seu diário, ou autobiografia, como ela mesma descrevia, há relatos do dia a dia e também passagens íntimas de sua vida, pensamentos e elucubrações sobre sua ardente paixão pela rebelde Violet Trefusis, suas emoções, inseguranças e desejos são tratados de maneira confessional. As aventuras amorosas não só com Violet, mas também com a escritora Virginia Woolf, fizeram-na magoar profundamente seu marido Harold e até abandonar os filhos Nigel e Bem, mesmo que por um curto período.
Nigel descreve o casamento dos pais de forma singular e ajuda-nos a entender em que contexto se fixa a natureza moderna e liberal das opiniões e comportamentos de Vita e Harold nos primeiros anos do século XX, do forte amor que os unia e que se tornou, à medida que os anos foram avançando, o porto seguro a que ambos regressavam após as aventuras, ela com mulheres fortes em relacionamentos abertamente públicos, ele com jovens rapazes e de maneira mais discreta.
O livro, publicado em 1973, e lançado no Brasil em 1976, contém fotos do casal, cartas, bilhetes, é o resgate de um tempo. Prova de que qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor vale amar... como bem escreveu Caetano Veloso para a música Paula e Bebeto.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Estacionamento do Cinema - Shopping Iguatemi
Data: 25/06/2011