Eram coleções formadas basicamente por grandes obras da literatura
nacional e estrangeira, impressos em papel “inferior” os livros eram bem mais
baratos que os encontrados nas livrarias. Sorte a minha que pude ler obras
primas sem pagar muito, uma delas foi O Morro dos Ventos Uivantes, um clássico
da literatura inglesa escrito por Emily Brontë (1818-1848) com pseudônimo de
Ellis Bell. O livro foi lançado em 1847, mas só chegou ao Brasil por volta de
1940, até os dias de hoje foram muitas edições e também adaptações para o
cinema e a TV. Nos dias de hoje é uma obra quase esquecida assim como foi a
vida da sua autora, uma mulher extremamente tímida que vivia reclusa e morreu
de tuberculose aos trinta anos sem provar o gosto do sucesso de seu único livro
em prosa.
A história é contada pela governanta Ellen Dean e começa quando o
patriarca da família Earnshaw volta de viagem e traz um jovem órfão de
procedência não explicada para morar na propriedade de Tcrushcross Grange. O
jovem de nome Heathcliff desperta a afeição da filha Catherine e ao mesmo tempo
um ciúme doentio do filho Hindley por achar que o pai gostava mais do intruso
que do próprio filho legítimo. Com a morte do Sr. e Sra. Earnshaw, Hindley
passa a tratar Heathcliff como um criado, humilhando-o e castigando-o.
Catherine e Heathcliff se apaixonam, mas ela decide casar-se com outro temendo
que o jovem não consiga sustenta-la como está acostumada e isso faz com que
Heathcliff abandone a propriedade. Anos mais tarde ele volta rico e disposto a
vingar-se de todos que o humilharam, essa vingança irá se arrastar por três
gerações.
O livro é tão rico em detalhes e por vezes tão sombrio e violento, com
descrições precisas sobre a alma dos personagens, que fica difícil acreditar
que foi escrito por uma mulher tão solitária e introspectiva. Li um texto que
Charlote Brontë escreveu sobre a irmã Emily: “Embora seus sentimentos pelos que a cercavam
fossem benevolentes, relações com eles ela nunca procurou, nem, com poucas
exceções, as experimentou. E mesmo assim ela os conhecia: sabia seus costumes,
sua linguagem e a história de suas famílias. Podia ouvir sobre eles com
interesse, e falar deles com detalhes, porém, com eles, raramente trocou uma
palavra.”
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Sorveteria do Porto da Barra
Data: 20/02/2016
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