quarta-feira, 30 de março de 2011

A ARTE DE AMAR


Confesso que não gosto de livros que nos ensina a viver, na minha modestíssima opinião, a vida é única e para cada ser humano ela vem de forma diferente, portanto, a meu ver, receitas de bolo para agir dessa ou daquela maneira, pensar dessa ou daquela forma, comigo não cola, acho chato e não perco meu tempo.
Em 2000, logo depois da emblemática virada do ano, digo emblemática porque quando eu era pequeno pensava que os anos 2000 não chegariam nunca, fui a um evento na Livraria Martins Fontes em São Paulo e ganhei o livro que agora abandono. É um livro que fala sobre amor, o título assusta, eu então, que passava na época por uma fase de desamor e desacreditado do tema, levei quase um ano com ele na estante até que um dia resolvi ler algo sobre quem o escreveu. Descobri que Erich Fromm é Dr. Erich Fromm (1900-1980), psicanalista, filósofo e sociólogo. Fiquei curioso para saber o que um alemão pensava sobre o amor em 1956, ano da publicação do ensaio, e engatei a leitura página por página, tópico por tópico.
O livro explora as maneiras pelas quais essa extraordinária emoção pode alterar todo o curso de nossa vida. A maioria das pessoas não consegue desenvolver sua capacidade de amar no único nível que realmente importa - um amor constituído por maturidade, autoconhecimento e coragem. O aprendizado do amor, como o de todas as outras artes, exige prática e concentração. E, mais do que qualquer outra arte, exige insight e compreensão. E há a abordagem sob todos os seus aspectos, não apenas o amor romântico, tão cercado de conceitos, literatura, filmes, músicas e publicidade contemporânea, mas também o amor dos pais pelos filhos, entre irmãos, o amor erótico, o amor-próprio e o amor por Deus, ou o seu Deus, ou a forma de energia que nos impregna quando estamos em estado de graça, ou cogitamos compreender o Universo.
Não é livro para chorar ou para deprimir, é livro para se perceber humano e achar o seu ponto de vista.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Ponto de Ônibus - Quartel de Amaralina
Data: 24/06/2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

O CHEFÃO

A edição do livro que tenho é de 1981, embora o original tenha sido lançado em 1969, isso para vocês terem uma idéia do sucesso alcançado pelo livro, que também foi adaptado para o cinema e ainda rendeu boas continuações lançadas posteriormente também em livro, feito raro até para os dias de hoje.
O autor, Mario Puzo (1920-1999), já havia escrito vários romances que, apesar de bem recebidos pela crítica, passaram despercebidos pelo público. Até que recebeu uma proposta irrecusável; cinco mil dólares de adiantamento para escrever um livro sobre um assunto que ouvira falar nos tempos de jornalista, a Máfia. O resultado foi The Godfather e uma vida nova para Puzo, alçado imediatamente para a categoria de celebridade literária.
O chefão é D. Vito Corleone e a história transcorre no período de 1945-1955 com lembranças e reminiscências da infância do personagem principal que datam de 1901. Centrada na ascensão do imigrante pobre até transformar-se no poderoso líder de uma das famílias mafiosas que partilhavam o poder no submundo de Nova York. Para quem já viu o filme o livro complementa e muito o entendimento da intrincada família Corleone, pode-se compreender mais sobre o processo de hierarquia e o porque da violência ser o fator preponderante na briga pelos melhores negócios. Contrariando indicações anteriores hoje eu recomendo que se veja o filme primeiro antes de ler O Chefão, ter em mente a imagem do Marlon Brando, em uma atuação impecável que lhe valeu o Oscar de Melhor Ator em 1973, pode tornar mais aprazível a degustação de tanto sangue. Em alguns momentos você tem a impressão de que o livro vai pingar em você tamanha a crueldade das descrições.
Mas vale a pena, acredite, é um clássico.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Rua da Fonte do Boi - Rio Vermelho
Data: 24/06/2011

domingo, 20 de março de 2011

O VERÃO E AS MULHERES


O verão acabou ontem, dia de muita chuva em Salvador, e eu, que estive possuído por uma gripe pós carnaval, e ainda amargo alguns resquícios da maldita, fiquei sem escrever por alguns dias. Na verdade a gripe me deixou sem inspiração. Mas eis que, neste primeiro dia de outono surge um lindo dia de sol, com aquela brisa marinha que só os moradores de Salvador conseguem desfrutar, e isso me animou. Finais de semana ensolarados me deixam bem mais feliz.
Lembro que comecei o verão indicando um livro do Rubem Fonseca, 200 Crônicas Escolhidas, e pretendo termina-lo com a indicação de mais um livro desse autor fantástico. Não sei se por causa da gripe, cujo mau humor me assolou nos últimos 10 dias, a falta de concentração fez com que eu me refugiasse em leituras mais rápidas.
Em O Verão e as Mulheres Rubem Braga seleciona suas crônicas publicadas entre 1953 e 1955 no jornal Correio da Manhã do Rio de Janeiro e em outros periódicos. Na verdade, este livro é a quarta edição de A Cidade e a Roça. Em 1985 o autor, como ele mesmo revela em nota no livro, tem a coragem de mudar o título, que, segundo ele, “era muito ruim”, alem de lembrar muito As Cidades e as Serras de Eça de Queiroz. Rubem disse ao editor que não agüentava mais aquele título frio que em má hora escolhera. De resto nada foi mudado.
No livro contamos com a presença de Joaquina, a “que fazia olhos azuis”, e algumas crônicas que já foram transcritas em um sem número de antologias escolares e livros de leitura como: O Cajueiro e Homem no Mar. Outras são cortes na intimidade da vida brasileira como O Homem dos Burros, Caçada de Paca, Buchada de Carneiro, O Lavrador e Recado ao Senhor 903. São páginas de lirismo e humor completamente diferentes do que lemos atualmente, basta um pouco de sensibilidade para apreciar.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Ponto de Ônibus - Em frente a Biblioteca Juracy Magalhães Jr. - Rio Vermelho
Data: 24/06/2011

domingo, 6 de março de 2011

O GRANDE GATSBY


Hoje é domingo de Carnaval e para quem imagina que eu, leitor assíduo de qualquer coisa que me caia às mãos, sou uma pessoa introspectiva que vive cercada de livros desprezando veementemente as festas mais populares é porque não me conhece direito. Sou folião assíduo do Carnaval, esteja eu onde estiver, e quem mora em Salvador, mais precisamente no bairro da Barra onde atualmente resido, sabe que é impossível fugir da festa momesca que invade a cidade.
Pensando nisso busquei entre os livros que pretendo abandonar essa obra primorosa de Francis Scott Key Fitzgerald (1896-1940) intitulada O Grande Gatsby. O livro é uma festa, na Long Island dos anos 20 do século XX vivia-se o sonho americano, havia belos jovens, mulheres exóticas, muito álcool, jazz, elegância, glamour e, pairando sobre tudo isso, a certeza de que a vida seria uma festa sem fim. Como se vivessem numa constante recusa da maturidade, a incapacidade de envelhecer e uma obstinação: a de continuarem todos jovens e ricos para sempre.
O livro foi lançado em 1925, segundo uma enquete feita pela prestigiosa série ‘Modern Library’, foi considerado o segundo melhor romance da língua portuguesa da década de 20, perdendo para Ulisses de James Joice que abandonarei em breve. Narrada por Nick Carraway, assíduo convidado das festas de Gatsby, conta o lado glamouroso do ricaço que um dia amou a bela e mimada Daisy Buchanan, mas a perdeu para um rapaz endinheirado. Só que agora Gatsby ficou misteriosamente muito rico e está disposto a arriscar tudo para tê-la de volta, esse é o motivo de, na intimidade, ser um homem infeliz.
Filmado em 1974 com um Robert Redford no papel de Jay Gatsby no auge de sua beleza e carisma, e Mia Farrow transbordando beleza e fragilidade sob a direção de Jack Clayton, O Grande Gatsby faturou o Oscar de Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora, um primor.
Esse é um livro que merece ser lido no embalo das cantoras de jazz. Eu recomendo.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Garagem 2 - Shopping Barra
Data: 21/05/2011