domingo, 28 de novembro de 2010

A DOR


“Como pude escrever isto, que não sei nomear e que me assombra quando releio?” Essa frase é da Marguerite Duras (1914-1996), autora do livro após seu lançamento, uma grande escritora, diretora e roteirista de filmes, se você não assistiu ‘Hiroxima, Meu Amor’ tens aí uma falha no seu currículo cinematográfico.
Este livro é composto de vários textos, a grande maioria deles baseados em fatos verídicos, por vezes escritos nos mínimos detalhes, uma vez que A Dor expõe facetas diversas de acontecimentos envolvendo a participação da autora na Segunda Guerra Mundial quando militava na Resistência e era membro do Partido Comunista Francês.
Mas não pense tratar-se de um livro político, ou histórico político, ele é para mim uma grande história de amor e acho que vem daí a origem do título. Ela nos conta a história do seu amor por Robert L., prisioneiro num campo de concentração nazista e que talvez esteja morto no fundo de uma vala. A história é de uma imensa e obstinada espera pelos homens que voltam da guerra e aborda com muito despojamento e realismo, para não dizer crueza, o estranho relacionamento entre a mulher do militante prisioneiro e o agente da Gestapo que o prendeu.
Em alguns trechos o livro me lembra muito o filme ‘Hiroxima, Meu Amor’, com uma autora engajada desvendando por vezes passagens e aspectos políticos bem interessantes relacionados com o conflito mundial, contando inclusive sobre o dia que ela teve em suas mãos a vida do presidente francês François Mitterrand quando era chefe da Resistência.
Duras escreveu A Dor aos 71 anos e talvez por isso seja uma obra carregada de emoção e quem o lê se deixa marcar de forma indelével.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Ponto de ônibus - Av. ACM - Em frente a clínica Delta
Data: 23/01/2011

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