Eu li O Compadre de Ogum no final dos anos 1980, apesar
de publicado em 1964 o livro teve pouca repercussão por causa da ditadura
militar estabelecida no Brasil. Embora faça parte de um período muito fértil do
autor, que começou em 1958 com a publicação de Gabriela, Cravo e Canela, é uma
fase que Jorge deixa um pouco de lado os livros de cunho político-social e
envereda pelo realismo fantástico começando a entrelaçar o cristianismo com o
candomblé.
É esse o grande mote do livro. Quando Benedita,
prostituta cobiçada pela boemia de Salvador, reaparece com um filho nos braços
e o entrega a Massu dizendo que é dele, o negro se vê numa saia justa para
encontrar um padrinho de batismo para o garoto já que a cerimônia deve
acontecer antes que complete um ano. Todos os bêbados, jogadores, prostitutas,
mães e filhas de santo se mobilizam para ajudar Massu, que era muito querido, a
fazer a festa do batizado. Mas quem escolher diante de tantos pretendentes a
padrinho? Para não chatear ninguém resolve consultar os orixás para obter a resposta
quando recebe a revelação de que o próprio Ogum quer ser o padrinho do menino.
Mas como fazer para que a divindade compareça na igreja no dia da festa e o
padre permita que o “cavalo” entre na “casa de Deus”.
O final dessa história é pra lá de irreverente e bem ao
estilo Jorge Amado. Seu bom humor extrapola as convenções do sincretismo fazendo-nos
gargalhar com o inusitado das situações.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Restaurante Mariposa - Apipema
Data: 30/01/2016
Vc pode disponibilizar o PDF?
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