domingo, 6 de dezembro de 2015

FALA SÉRIO, MÃE!


Uma mania me persegue desde garoto quando descobri os gibis, na época chamávamos de revistinha em quadrinhos, que é me colocar no lugar de quem escreve a história. Isso me acompanha até hoje, daí porque me considero bastante condescendente com os escritores. Se você for um leitor assíduo do blog já percebeu as poucas críticas que faço e mesmo quando não gosto do livro nunca consigo ser veemente ou cruel. Sempre penso na pessoa que sentou na frente da máquina de escrever, ou computador, pensou num argumento e colocou sua ideia no papel. Depois conseguiu convencer uma editora a publica-lo, o que não é tarefa das mais fáceis, e depois divulga-lo, outra tarefa quase hercúlea, para que as livrarias deem um destaque na estante da frente e os clientes possam encontrar a sua obra. Se o livro será bom ou não vai depender da opinião dos leitores, essa é muito relativa e vai variar de pessoa para pessoa.

Há anos também dedico meu tempo a ler autores brasileiros: os clássicos como Artur de Azevedo, Monteiro Lobato, Clarice Lispector, Jorge Amado, etc, os já consagrados como Paulo Coelho, Nelson Motta, Jô Soares, Guilherme Fiuza, etc, e também a nova geração. E é nessa classe que chamo de ‘nova geração’ que está Thalita Rebouças (1974), o primeiro e único livro que li da série foi o que a consagrou e vendeu milhares de exemplares: Fala Sério, Mãe! Ela foi bastante esperta para abocanhar um nicho de leitores adolescentes muito carentes de histórias que envolvam o seu universo no Brasil. Em 2003, quando o livro foi lançado, vivíamos o auge da saga Harry Potter no quinto livro da série e Thalita aproveitou bem o segmento nacional que estava vazio.

Contar histórias sobre mãe e filha a partir da gravidez com os depoimentos de Angela Cristina, mãe de primeira viagem, assustada e temerosa, esperando sua filha Maria de Lourdes, vivendo situações engraçadas e que muitas vezes parecem irreais de tão verossímeis e depois entregar o protagonismo do livro para a filha os 12 anos, que a essa altura já é uma típica adolescente cheia de questionamentos e certezas absolutas que duram 24 horas, que paga todos os micos da mãe superprotetora, já se autodenomina apenas Malu e nos contará sua trajetória até os 21 anos foi uma ideia um tanto audaciosa.

Talvez porque já fosse “velho” quando li o livro, achei Angela uma mãe divertida e muito identificável, e Malu é um porre, garota chata e muito estúpida com a mãe. A segunda metade do livro é apenas risível e carimbou em mim um efeito desapontador para finais de livros.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Loja Pãozinho Delícia - Porto da Barra
Data: 23/01/2016

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