domingo, 1 de novembro de 2015

MUITO MAIS QUE 5INCO MINUTOS


Não sou o que se pode chamar de “pessoa antenada”, mas leio jornais, converso com outras pessoas e recebo e-mails, muitos e-mails. Não é todo dia que minha aba ‘principal’ tem mensagens, mas a aba ‘promoções’ sempre tem pelo menos dez mensagens querendo me vender alguma coisa; de livro a CD, de smartphones a pílulas para ereção. Compro livros e CDs pela internet e eles acham que posso me interessar por TVs de última geração, viagens em transatlânticos e furadeiras de impacto. Não posso maldizer os algoritmos que me selecionam para essas mensagens porque umas até que são úteis e acabo comprando alguma coisa, por exemplo: comprei o CD de Stacey Kent e recebi uma mensagem: “Se você comprou isso é provável que goste disso.”, então eles me indicaram o CD de Madeleine Peyroux, que eu pesquisei, gostei e acabei comprando. A música suave do CD Half The Perfect World embala agora esses escritos.

Ao contrario dos seus mais de seis milhões de seguidores eu não tinha a menor ideia de quem era Kéfera Buchmann (1993) até ler uma matéria sobre a Bienal do Livro no Rio de Janeiro que comentava a necessidade de reforçar a segurança por causa dos milhares de jovens que circulavam no pavilhão da bienal para vê-la. Seu livro recém-lançado, Muito Mais Que 5inco Minutos, estava no topo das vendas. Nessas horas eu me pergunto... Quem é essa pessoa? Os tais algoritmos não me avisaram da sua existência. Então vou até o Google e numa pesquisa rápida que durou 22 segundos aparecem 446 mil referências ao nome Kéfera. Fui até a livraria no shopping e lá estava o livro, numa pirâmide enorme logo na entrada. Comprei.

Li as 144 páginas numa tarde. Livro de fácil leitura com expressões corriqueiras que ouço por aí, voltado para o que vou chamar de “mundo Kéfera”. É uma autobiografia com ares de livro de autoajuda, misturado com o que eu acho que sejam crônicas do cotidiano de uma garota que sofreu bullying, soube ser forte quando foi necessário, o primeiro beijo, a escola, as roupas da moda, etc... É um livro sobre o ‘antes da fama’, uma espécie de ‘quem sou eu e onde tudo começou’, que pode ser interessante para alguns e para outros nem tanto. Eu estou no segundo grupo, #prontofalei, sem medo de ter adquirido mais de seis milhões de inimigos, afinal, opinião todo mundo tem a sua e eu me reservo no direito de ter a minha.

E com isso não estou desdenhando da autora, assisti alguns vídeos no canal 5inco Minutos e gosto do seu trabalho como atriz. As notícias pipocam nos jornais sobre os benefícios que essa turma está fazendo para literatura, que muitos jovens estão com livros nas mãos pela primeira vez e isso pode se tornar um hábito, desenvolver a curiosidade para outros autores. Eu cá tenho minhas dúvidas, acho isso papo furado de editor para vender, mas no fundo fico na torcida. Se eu comecei na literatura pelos gibis do Tio Patinhas e já li Guerra e Paz, de Tolstoi, quem começa por Muito Mais Que 5inco Minutos pode um dia chegar a ler, pelo menos, O Cortiço, de Aluísio Azevedo.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Banco da pracinha no Porto da Barra em frente ao Instituo Mauá
Data: 03/01/2016

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