Dizem por aí que a primavera é a estação das flores e eu
particularmente acho que é a estação do amor, seja esse amor da forma que for.
A primavera antecede o verão, e como vivo num balneário, cidade praieira, cidade
de sol e mar, vejo que as duas estações se completam. É muito comum por aqui
dizer... Quando o verão chegar... Essa é para o verão... É o meu projeto
verão... E a primavera estabelece esse start para quando o verão chegar. Andei
pensando em alguns casais de amigos que estão juntos há bastante tempo e
percebo esse recomeço quando chega a primavera, um certo brilho no olhar com a proximidade
do verão, e então caiu a ficha sobre esse sentimento tão maltratado, subjugado,
enlatado, classificado, banalizado, que é o amor.
“Uma das percepções
mais difíceis é a da dimensão do amor do outro por nós, numa medida em que nem
ele próprio percebe. É preciso aprender a se relacionar com essa dimensão oculta,
para não ficarmos infelizes com as respostas que não vierem, com os silêncios
que substituírem conversas, com as ausências e egoísmos que nos rejeitarem.”
(pg 100)
Pensando nisso fui buscar um livro que li em 1984 quando
vivia meus vinte e poucos anos e era um romântico exacerbado. Do Amor, Ensaio
de Enigma foi escrito e fundamentado pelo saudoso Artur da Távola (1936-2008) nas
fases que estava sem mandato a cumprir. Artur era exímio pensador e admirador
da música clássica, especialmente Vivaldi. Na minha mais humilde opinião seus
melhores textos vão até 1996 quando ainda tinha tempo para dedicar-se a uma
obra e expandir suas fundamentações para diversos ângulos. No fundo eu acredito
que Artur da Távola era um ensaísta, um cronista, de mão cheia. E esse livro
que em breve vou abandonar foi um marco na minha existência romântica.
Hoje, passados mais de trinta anos que li seus escritos
pela primeira vez, consigo examinar a dimensão de suas palavras que estão
sublinhadas na edição que possuo e entende-las no seu complexo significado.
“O amor maduro não
é menor em intensidade. Ele é apenas quase silencioso. Não é menor em extensão.
É mais definido, colorido, poetizado. Não carece de demonstrações: presenteia
com a verdade do sentimento. Não precisa de presenças exigidas: amplia-se com
as ausências significantes.” (pg 117)
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Estacionamento - Subsolo - Shopping Barra
Data: 10/01/2016
Já li. Por Portugal é um livro RARO. Muito difícil de encontrar. Quem dera ser tema de debate na adolescência, porque se fosse muito Amor Próprio brotaria, muita Amizade não seria confundida com... e muito mais coração se sentiria dentro do peito, sem vergonha, medo ou possessividade.
ResponderExcluirFeliz ano. Encontrei hoje seu Blog, Odilon.
Sou de salvador e estou lendo esse livro. Ia para o lixo junto com outros tantos. Ele parece ter uma história. Tem o nome de uma mulher (acho), e a data de 01/87.
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