Um Dia parece, a princípio, ser um livro bobinho sobre o
amor de dois jovens que, exatamente por serem jovens, não conseguem expressar o
que sentem um pelo outro. Ela, Emma, mais centrada, preocupada com a
sobrevivência, cheia de planos para o futuro, dispara uma pergunta para ele no
primeiro dia que se conhecem e passam, sem sexo, a noite juntos: Como você acha
que estará quando estiver com 40 anos? Ele, Dexter, mais indeciso, sem
problemas financeiros, paradoxalmente seguro com todas as mulheres do mundo,
mas, completamente inseguro ao lado de Emma, não sabe que resposta dar.
Nesta noite de 15 de julho de 1988, Em e Dex se conhecem
na festa de formatura após passar todo o curso sabendo da existência um do
outro sem se aproximar. Esse dia é a marca do livro. Data que definirá cada
capítulo ao longo dos próximos vinte anos, quando ambos estarão na faixa dos
quarenta, saberemos ano a ano como eles estão vivendo. O autor consegue a
proeza de alternar no mesmo capítulo a visão de Emma, os sentimentos de Dexter
e as descrições dos fatos pelo narrador onipresente sem que fique confuso.
Sabemos exatamente os sentimentos de cada um, o que estão fazendo e o que não
fizeram. Tantas coisas não ditas, atitudes não tomadas e outras pessoas
envolvidas traçam a vida de dois jovens amigos... Não, é mais que isso, namorados...
Também não, nunca foram oficialmente, melhores amigos... Talvez seja a
descrição mais acertada, ou quem sabe... Feitos um para o outro. Você acredita
nisso?
O fato é que me emocionei no final, sou um panaca que
gosta de comédias românticas, canceriano incurável, e me peguei fazendo um
retrospecto. Um dia escolhido nos últimos dez anos, lembrando o que estava
fazendo e o que deixei de fazer, quem era importante, quem deixou de ser, e
quem continua fazendo parte da minha insignificante existência. Vai tentar?
Agora que já li o livro, vou ver o filme.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Banco da Praça N. S. da Luz - Pituba
Data: 03/10/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário