domingo, 20 de setembro de 2015

LEILA DINIZ


Sou apenas Leila Diniz, qual é o problema?

Em março desse ano Leila Diniz completaria setenta anos. Eu tinha nove anos quando Leila morreu aos vinte e sete num acidente de avião na Índia. Pelo que me lembro da época já que as lembranças são bem poucas, não dei muita importância ao fato. Afinal eu era uma criança e a imagem daquela mulher grávida mostrando a barriga na praia me pareceu uma coisa normal e corriqueira. Mal sabia eu que isso foi um escândalo na época.

A gravidez é um negócio maravilhoso. Dá uma sensação de absoluto; a gente fica completa. Acho que o negócio máximo de ser fêmea é estar prenhe. É um negócio muito forte que o homem não entende. Eu tenho muita pena do homem que não pode ficar grávido.”

Descobri muitos anos depois que Leila era uma mulher como poucas. Libertária, gostava de viver de verdade e pautava seu dia pelo sol. Foi musa de Ipanema e madrinha da sua famosa banda no carnaval, também foi Rainha das Vedetes e Grávida do Ano, atriz, dona de loja, júri no programa Flávio Cavalcanti, foi perseguida pela repressão, censurada, suas falas eram mantras de uma geração que havia queimado o sutiã.

Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo.

Em 1984 quando li o volume da série Encanto Radical com sua sucinta biografia fiquei encantado e apaixonado por Leila, ela tinha conquistado o que muitos até hoje querem: fama, beleza não planejada, alegria de viver, ela tinha uma sinceridade contagiante, uma honestidade que beirava a ingenuidade e viveu sua curta vida com poucos artifícios. Foi invejada.

Não tenho preconceitos. Não faço sequer regimes.

Com exceção de Todas as Mulheres do Mundo, filme de Domingos de Oliveira que marcou sua carreira e elevou Leila ao patamar de ‘diva’, suas participações como atriz na TV ou no cinema foram mornas, Leila era uma persona e não uma personagem. Ao ler esse livro escrito pela Cláudia Cavalcanti sinto não ter vivido sua época, é como ter saudade de algo que você não viveu, mas consegue compreender sua essência.

Nem de amores eu morreria porque eu gosto mesmo é de viver de amores.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Entrada do Teatro Gamboa Nova
Data: 24/10/2015

Um comentário: