Fico cada vez mais feliz e ao mesmo tempo muito intrigado
em saber como uma obra que foi escrita há 150 anos continue despertando os mais
diversos interesses midiáticos. Eu particularmente gosto muito das obras cuja
alcunha de “Clássico” surge assim que pronunciamos seu título. Mas não fico
vivendo só do passado, tenho um olho que vê lá atrás e outro que vê o agora, e
assim vou levando a vida com o máximo de referências que consigo. Antes de
escrever esse post coloquei o título Alice no País das Maravilhas do Google e
apareceram 430 mil verbetes em 0,34 segundos de pesquisa, sem contar o que
aparece no final com o título de ‘Obras Relacionadas’, no Wikipédia foi igual,
vários subtítulos e as chamadas “desambiguações”.
Seu autor, Lewis Carroll, pseudônimo utilizado por
Charles Lutwidge Dodson (1832-1898), estava passeando num barco com sua amiga
Alice Liddell, esta com 10 anos de idade, quando começou a inventar uma
história para entreter a criança. Alice gostou tanto do que ouvia que pediu a
Charles que escrevesse aquela história maluca. Assim nasce Alice’s Adventures
Underground. Um ano depois ele refaz o manuscrito original, aumentando a
história, e em 1865 publica pela primeira vez a história de Alice no País das
Maravilhas, na nova versão incluiu dois personagens que se tornariam
emblemáticos: o gato e o chapeleiro.
Conheci a história de Alice ainda criança através de uma
coleção de discos de vinil coloridos, colocava-se na vitrola e as histórias
eram narradas. Muito tempo depois ganhei uma coleção de livros em formato
pocket lançados pela editora L&PM e lá estava Alice. O interessante desse
livro é que dependendo da versão e da idade que você lê a obra, sua percepção
sobre a história da menina Alice, que cai num buraco quando perseguia um coelho
falante e se vê num mundo cheio de aventuras e desventuras, pode mudar
radicalmente.
Em 2010, quando Tim Burton nos apresentou sua versão
cinematográfica de Alice, coloridíssima e cheia de efeitos que só o cinema pode
proporcionar, reli a obra na versão original e me apaixonei novamente por
Alice, garota destemida e cheia de atitude. Só tenho medo que essa onda
conservadora e politicamente correta venha por suas mãos nefastas sobre o texto
como já andaram fazendo com a obra de Monteiro Lobato. Seria tristíssimo se a
Rainha de Copas não pudesse mais gritar “Cortem-lhe a cabeça!”.
OBS: Na foto acima está a capa do primeiro exemplar
publicado em 1865, no meio a capa do livro versão pocket que vou abandonar, e
por último a versão pra lá de colorida que comprei para minha sobrinha-neta.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Sorveteria A Cubana - Praça Municipal
Data: 26/09/2015