Quando esse assunto vem à tona eu sempre tinha uma
resposta pronta: ‘o livro é sempre melhor que o filme, a peça, a novela, etc.’
Mas depois de alguns exemplos como O Diabo Veste Prada, Budapeste, A Culpa é
das Estrelas, Ensaio Sobre a Cegueira e outros, cujas versões cinematográficas
ficaram melhores ou tão boas quanto o livro, eu parei de dizer isso. Hoje eu
tenho outra resposta: Cada obra tem um impacto diferente nas pessoas, para
alguns o livro é mais detalhista, para outros basta o filme ou a minissérie, o
que importa é o conhecimento que essa experiência vai te trazer.
E foi exatamente isso que aconteceu comigo quando assisti
a minissérie O Primo Basílio em 1988. Não sei se foi o impacto da trama escrita
por Gilberto Braga e Leonor Bassères, baseada no romance de Eça de Queirós
(1845-1900), se foi o quarteto principal de atores cuja formação era Tony
Ramos, Giulia Gam, Marcos Paulo e Marília Pêra, ou se foi a excelente
reconstituição de época, cenário e figurinos sob a direção geral de Daniel
Filho. O fato é que, no dia que ia ao ar o último capítulo eu comprei o livro,
começava ali minha incursão pela obra o Eça de Queirós, que em algumas
publicações aparece como Eça de Queiroz, quem puder explicar isso manda uma
mensagem.
A obra, cuja primeira edição foi publicada em 1878, é
atualíssima quando a vemos pelo prisma da vilania, da luta de classes, do subir
a qualquer preço, e do preço que se paga pela traição. Não estou julgando Luísa
por viver seu grande amor pelo primo Basílio durante as longas temporadas de tédio
por causa das viagens constantes do seu marido Jorge, cidadão pacato, cumpridor
das leis e inquestionavelmente apaixonado pela esposa. Não julgo Basílio,
apesar da evidente dubiedade de caráter já estabelecida na primeira descrição
do autor, e não julgo Juliana, a empregada vil, que rouba os sonhos românticos
da sua patroa pelo simples fato de nunca ter sido amada.
Não vou recomendar a leitura do livro, não vou recomendar
ver a minissérie que foi lançada recentemente em dvd, e nunca recomendarei ver
o filme, apesar da boa atuação de Glória Pires no papel de Juliana. Assim como
na música, algumas interpretações na TV ou no cinema são definitivas, não é
possível cantar Atrás da Porta como Elis o fazia e, na minha mais humilde
opinião, a Juliana que Eça de Queirós imaginou era a Marília Pêra.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Ponto de Ônibus - Praça Castro Alves
Data: 26/09/2015
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