domingo, 16 de agosto de 2015

QUEM AMA, EDUCA!


Alçado erroneamente à categoria de “livro de autoajuda” a obra do renomado médico Içami Tiba (1941-2015) deve ter sofrido de algum preconceito por parte de muitos leitores. Eu devo confessar que fazia parte dessa turma. Como já escrevi várias vezes aqui no blog parafraseando uma amiga querida Agnes Zuliani, “livro de autoajuda serve para quem o escreve, para quem lê é, no máximo, livro de ajuda”. Eu quebrei essa barreira depois que assisti uma de suas palestras quando ainda morava em São Paulo, fui designado pela empresa que trabalhava a organizar um seminário sobre educação em suas diversas vertentes e então fui convidado para assistir uma palestra do autor do livro que estava virando um best seller nacional, o livro chamava-se Quem Ama, Educa!

Confesso que fui com certo mau humor, mas também confesso que após quinze minutos de iniciada a palestra eu já tinha me rendido ao jeito simples, tranquilo e direto de falar do Dr. Içami Tiba. Como médico psiquiatra e psicodramatista ele tinha a capacidade de falar verdades de maneira tão calma e consistente que era quase impossível não querer leva-lo para casa. Sua Teoria da Integração Relacional criada para facilitar o entendimento entre pais, filhos e educadores, em forma de psicodrama, mudou o entendimento da palavra ‘educação’ nesse mundo digital de relações frugais e culto à forma de nunca dizer não aos filhos. A teoria do Dr. Içami é baseada numa palavra que ele mesmo inventou “adultescência”, em que a maior parte dos problemas psíquicos dos adolescentes é atribuída ao comportamento de seus pais, que agem eles próprios de forma infantil almejando a juventude eterna e não percebendo que isso faz com que seus filhos percam a referência do adulto como exemplo de vida.

Não tenho filhos, não me considero exemplo para qualquer ser humano, mas tenho a percepção do que acontece ao meu redor e vejo casais escravos dos filhos, que não tem mais vida própria e tudo que fazem é em função dos pequenos, criaram meninos mimados, cheios de vícios e que mandam nos pais sem pulso e sem argumento. Vejo também pais que disputam o amor dos filhos como se fosse uma competição, perguntar ao filho de cinco anos; “de quem você gosta mais, do papai ou da mamãe?” é dar uma responsabilidade de opinião a uma criança à qual ela não tem noção nem discernimento para corresponder.

E assim lá vamos nós rumo ao futuro, na minha mais humilde opinião Quem Ama, Educa! não é um livro essencial, mas esclarece alguns pontos e nos leva a pensar. Se você puder adquira a versão mais nova cujo título ganhou um adendo ‘Formando cidadãos éticos’ e vamos torcer para que o futuro seja mais ético.

OBS: O Dr. Içami faleceu recentemente, isso me incentivou a escrever esse post e fazer uma singela homenagem ao grande palestrante e pensador, um ser humano essencial.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Shopping Barra - Balcão em frente à Perini
Data: 19/09/2015

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