Ando lendo muitas biografias ultimamente. Acho isso bom. Eu
adoro uma historia e quando é real fica melhor ainda. A ficção pode ser muito
instigante, mas dificilmente conseguirá ser melhor que a vida ao vivo, e alguns
personagens reais que à primeira vista podem parecer banais tiveram uma vida muito
rica. Isso vai depender também de quem tomou para si a tarefa de transpor para
o papel a história.
Denilson Monteiro (1967) autor de Chacrinha – A Biografia já
é figurinha carimbada nesse nicho editorial, dentre os livros que eu já li ele participou
de Vale Tudo - O Som e a Fúria que retratava a vida de Tim Maia, Minha Fama de
Mau que conta a vida de Erasmo Carlos, cuja versão final é assinada pelo
próprio biografado e Bussunda – A Vida do Casseta. Ainda não li seus escritos sobre
Ronaldo Bôscoli, Carlos Imperial e Cartola.
Um pensamento veio à minha cabeça quando acabei de ler a
última página de Chacrinha: é pouco. Tive a nítida sensação de que o personagem
era muito maior que o retrato pintado em palavras no livro recheado de fotos de
várias épocas. Entendo a necessidade das fotografias para ilustrar a
personalidade marcante do “Velho Guerreiro”, mas elas consomem boa parte das
363 páginas do livro que, na minha mais humilde opinião, carece de mais
pesquisa, mais depoimentos e mais profundidade familiar. Mesmo que o foco da
biografia do Chacrinha fosse sua vida profissional acho que ainda ficou devendo
retratar com mais detalhes a produção dos programas, sua relação com os
artistas e com as Chacretes. Talvez por isso se justifique o tratamento tão
raso da vida familiar, e embora saibamos que Chacrinha era um trabalhador
incansável o livro não revela muito dos bastidores, um casinho aqui, uma
curiosidade acolá, um palavrão dito e repetido nas crises de ansiedade a cada
início de programa e é só.
Fico na torcida para que outras biografias do Chacrinha
sejam lançadas com mais propriedade, mais riqueza, exatamente como o biografado
merece. Essa, no meu Cassino, receberia algumas buzinadas e um troféu abacaxi.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Mesa grande do café - Espaço Itaú de Cinema
Data: 20/06/2015
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