Ao escrever o parágrafo acima sou embalado por Nina
Simone cantando For All We Know e a música cabe perfeitamente no processo
criativo desse post, o requinte da estrutura narrativa de Marguerite com a voz
de Nina. A música fala de relações humanas, despedidas e sentimentos que talvez
nunca tenhamos coragem de confessar, por isso o hoje é urgente. O livro, apesar
de envolvo na aura histórica do fascismo italiano, permanente preocupação da
autoria com o leu legado, trata de relações humanas e suas variadas e
inimagináveis vertentes.
O Denário, que dá título ao livro, é uma antiga moeda
italiana que correspondia ao salário diário de um trabalhador. No romance a
moeda assume o papel de elo entre os personagens, ao passar de mão em mão
torna-se o símbolo de contato entre as pessoas, suas vidas, anseios, amores e à
melancolia da indignação muda. Na minha modestíssima opinião é incrível a
maneira como a autora entrelaça as vidas, os sonhos e o convívio entre as
pessoas. Um livro rico em diversidade sobre o dito e o não dito.
Dito isso entrego aqui três citações do livro, não vou
informar a página de propósito para que você leia o livro e tenha a surpresa
sobre o pensamento ou a palavra.
“O amor não se
compra: as mulheres que se vendem apenas se alugam aos homens; mas compra-se o
sonho – substância impalpável que se transaciona sob várias formas.”
“Giulio iludira-se
na esperança de que as manias da mulher se fossem atenuando com a idade;
envelhecendo, os defeitos de Giuseppa, ao contrário, haviam crescido monstruosamente
como seus braços e a cintura; sob a garantia de trinta anos de intimidade
conjugal, ela não os dissimulava mais do que as imperfeições físicas.”
“Começara por
nutrir relativamente a Carlo esse sentimento de que somos mais ricos, a
indiferença, pois que o devotamos a cerca de dois bilhões de seres humanos.”
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Passeio Público - Teatro Vila Velha
Data: 07/06/2015
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