domingo, 18 de janeiro de 2015

HOJE NÃO TEM LIVRO


Pela primeira vez em quase cinco anos de blog hoje não vou escrever sobre um livro que pretendo abandonar, andei um pouco estarrecido com o noticiário da última semana e tomei essa decisão ontem ao ler uma matéria no jornal sobre o resultado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) realizado no final do ano passado. Segundo a matéria que li foram 8,7 milhões de inscritos, desses 6,1 milhões efetivamente comparecem para as provas, o que retira do páreo mais ou menos 29% da concorrência. Até aí nada de novo porque isso é bom para quem realmente enfrentou o desafio.

O que me deixou bestificado foi que mais de 500 mil inscritos que foram fazer as provas tiraram zero, isso mesmo, z-e-r-o, na prova de redação. E isso significa desclassificação para concorrer a uma vaga nas universidades já que a regra é clara. O terrível é que quase 8 mil não conseguiram escrever o mínimo de linhas exigidas e em torno de mil redações ganharam o zero porque seus textos feriam os direitos humanos, isso quer dizer que continham claras insinuações de racismo, xenofobia ou explícito preconceito.

Quando a nossa presidenta Dilma fez o discurso relativo ao segundo mandato e anunciou a alteração do lema do seu governo para “Brasil, pátria educadora” levantou uma questão importante e eu espero, sinceramente, que se faça algo pela educação. Não tenho partido político definido, sou daqueles que gostam de políticos honestos e com boas ideias, independente de partidos ou coligações, mas penso em quantos anos serão consumidos para reequipar escolas públicas, torna-las aprazíveis e foco de orgulho da cidade, bairro ou comunidade. Quantos anos serão necessários para que professores consigam melhor remuneração e tempo para estudar, sim, estudar, professor que não estuda é que nem médico que não estuda, fica defasado, cai do trem, fica pra trás.

Sinceramente parabenizo os 250 alunos que receberam a nota máxima, menos de 1% dos que fizeram a prova, no meu conceito não são pessoas especiais, são aqueles que se tornaram especiais porque estudaram, leram, buscaram informações. Quem me conhece sabe perfeitamente que não acredito em pessoas que nascem especiais, acho que tornar-se especial é fruto de muito trabalho, perseverança, dedicação e abnegação. Meu abraço sincero para todos os jovens que conseguiram uma pontuação acima de 800 e tomara que esses pontos façam a diferença em suas vidas, um sinal de que tudo valeu a pena.


A foto que ilustra o post é da Gabriela Almeida Costa, estudante de geologia do Instituto Federal da Bahia (IFBA), publicada na versão on line do jornal Correio. Ela diz “Gostei bastante do tema. Tinha lido muitas coisas durante o ano que estavam relacionadas com a proposta. O meu gosto por leitura também ajudou a obedecer aos critérios exigidos na correção da prova”. Segundo o jornal Gabriela tem em sua casa três estantes repletas de livros. Atualmente o livro que está na cabeceira da estudante é a biografia de Malala Yousafzai, exatamente o livro que abre o ano de 2015 no blog. Fica a dica.

2 comentários:

  1. Quando penso nisso me dá uma tristeza tão grande que não consigo nem ter esperança de que um dia esse país melhore!

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  2. Texto perfeito Odilon ! Como se fosse um pensamento meu. Parabéns!

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