Pela primeira vez em quase cinco anos de blog hoje não vou
escrever sobre um livro que pretendo abandonar, andei um pouco
estarrecido com o noticiário da última semana e tomei essa decisão ontem ao ler
uma matéria no jornal sobre o resultado do Enem (Exame Nacional do Ensino
Médio) realizado no final do ano passado. Segundo a matéria que li foram 8,7 milhões
de inscritos, desses 6,1 milhões efetivamente comparecem para as provas, o que
retira do páreo mais ou menos 29% da concorrência. Até aí nada de novo porque
isso é bom para quem realmente enfrentou o desafio.
O que me deixou bestificado foi que mais de 500 mil
inscritos que foram fazer as provas tiraram zero, isso mesmo, z-e-r-o, na prova
de redação. E isso significa desclassificação para concorrer a uma vaga nas universidades já que a regra é
clara. O terrível é que quase 8 mil não conseguiram escrever o mínimo de linhas
exigidas e em torno de mil redações ganharam o zero porque seus textos feriam
os direitos humanos, isso quer dizer que continham claras insinuações de
racismo, xenofobia ou explícito preconceito.
Quando a nossa presidenta Dilma fez o discurso relativo ao
segundo mandato e anunciou a alteração do lema do seu governo para “Brasil, pátria
educadora” levantou uma questão importante e eu espero, sinceramente, que se
faça algo pela educação. Não tenho partido político definido, sou daqueles que
gostam de políticos honestos e com boas ideias, independente de partidos ou
coligações, mas penso em quantos anos serão consumidos para reequipar escolas
públicas, torna-las aprazíveis e foco de orgulho da cidade, bairro ou
comunidade. Quantos anos serão necessários para que professores consigam melhor
remuneração e tempo para estudar, sim, estudar, professor que não estuda é que
nem médico que não estuda, fica defasado, cai do trem, fica pra trás.
Sinceramente parabenizo os 250 alunos que receberam a nota
máxima, menos de 1% dos que fizeram a prova, no meu conceito não são pessoas
especiais, são aqueles que se tornaram especiais porque estudaram, leram,
buscaram informações. Quem me conhece sabe perfeitamente que não acredito em
pessoas que nascem especiais, acho que tornar-se especial é fruto de muito
trabalho, perseverança, dedicação e abnegação. Meu abraço sincero para todos os
jovens que conseguiram uma pontuação acima de 800 e tomara que esses pontos
façam a diferença em suas vidas, um sinal de que tudo valeu a pena.
A foto que ilustra o post é da Gabriela Almeida Costa,
estudante de geologia do Instituto Federal da Bahia (IFBA), publicada na versão
on line do jornal Correio. Ela diz “Gostei bastante do tema. Tinha lido muitas
coisas durante o ano que estavam relacionadas com a proposta. O meu gosto por
leitura também ajudou a obedecer aos critérios exigidos na correção da prova”.
Segundo o jornal Gabriela tem em sua casa três estantes repletas de livros. Atualmente o livro que está na cabeceira da estudante é a biografia de Malala
Yousafzai, exatamente o livro que abre o ano de 2015 no blog. Fica a dica.
Quando penso nisso me dá uma tristeza tão grande que não consigo nem ter esperança de que um dia esse país melhore!
ResponderExcluirTexto perfeito Odilon ! Como se fosse um pensamento meu. Parabéns!
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