Lembro também de uma entrevista do Gabeira em que ele dizia,
de forma bem humilde, que seu livro era apenas um depoimento, um ensaio sobre
sua vida, uma forma de expurgar suas angústias e os fatos que marcaram, e
marcariam, sua existência para sempre. Eu era um jovem de dezenove anos nada
politizado e com uma visão de mundo bem pequeno burguesa, ao ler a entrevista percebi
que era chegada a hora de saber mais sobre o assunto não pelos livros de
história, e sim pelas biografias daqueles que fizeram acontecer.
Cabe lembrar a você, leitor desse blog, que o ano era 1964 e
se você nunca leu esse livro, ou não estava vivo no período, é bom ter em mente
que estávamos no auge dos Beatles e dos Rolling Stones, havia um slogan
americano “Make Love, Not War” que martelava em nossas cabeças frente à guerra
do Vietnã, aqui no Brasil o Tropicalismo era o tom na revolta contra os
militares e a vontade de mudanças. Algumas pessoas mergulharam de corpo e alma
num comprometimento legítimo de mudanças que resultou no país livre que temos
nos dias de hoje.
Fernando Gabeira conta sobre seu engajamento, sua
experiência na luta armada, a clandestinidade, os bastidores do sequestro do
embaixador Charles Elbrick, sua prisão e os anos de exílio. Narrado na primeira
pessoa a obra tornou-se um sucesso de vendas e acredito que isso aconteceu por
causa da narrativa que misturava fatos históricos relevantes, um toque de
romance e reflexões do autor sobre ter valido ou não a pena tudo que viveu.
Acredito piamente que era uma obra à frente do seu tempo quando foi publicada
pela primeira vez em 1979.
Em 1997 o cineasta Bruno Barreto levou para as telas do
cinema um filme baseado no livro. Se quiserem um conselho, não o vejam, na
minha modestíssima opinião é um filme raso e ruim, um passo infeliz na carreira
do diretor. Se você quer saber mais vá direto à fonte, o livro está por aí e
pode ser adquirido por um precinho bem camarada.
Cidade do abandono: Fortaleza/CE
Local: Restaurante Sirigato
Data: 25/06/2014
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