domingo, 6 de outubro de 2013

FURACÃO ELIS


Depois que completei cinquenta anos ando remexendo muito em minhas memórias, mas fiquem tranquilos porque não tenho a pretensão de escrever um livro, os desabafos escritos aqui no blog já são suficientes para avivar o que vivi em priscas eras, como diria meu amigo Ricardo Linhares. Quando digo que ando remexendo a memória é porque em alguns momentos de solidão e silêncio, aqueles momentos em que estou lendo ou escrevendo e de repente lembro um fato antigo, uma situação ou uma pessoa, que muitas vezes não tem nada a ver com o que estava fazendo e aí congelo por alguns minutos deixando a lembrança fluir.

Num desses momentos de devaneio lembrei o show Essa Mulher que assisti no Teatro Castro Alves, e não por acaso a música que tocava no laptop era a mesma, na voz inesquecível de Elis Regina. Lembrei imediatamente do vestido, da orquídea no cabelo, da luz, e do silêncio da platéia, lembrei exatamente da sensação da época; a de que Elis cantava só para mim.

Parei o que estava fazendo e fui pegar o livro Furacão Elis. Publicado em 1985, pouco mais de três anos após a morte da cantora, pela jornalista Regina Echeverria (1951) o livro é quase uma reportagem, um quebra cabeça escrito em doze capítulos que recontam a infância e adolescência em Porto Alegre, os caminhos para chegar ao sucesso como cantora e a sua morte em São Paulo, com base em depoimentos de familiares e amigos e também de entrevistas e matérias publicadas sobre Elis. Não é um livro somente para fãs da cantora, é uma obra de revelações que serve para entender, ou tentar entender, a personalidade forte e o tino musical de uma pessoa tão complexa que viveu apenas por trinta e seis anos.

Na edição que pretendo abandonar há um capítulo especial com a cronologia da vida de Elis, e outro com a discografia, que não é completa, mas já é suficiente para se ter uma dimensão da sua obra. Aproveite o link abaixo e escute Essa Mulher na voz de Elis, música composta por Joyce e Ana Terra com arranjo de Cesar Camargo Mariano, e veja nas entrelinhas da letra um pouco da mulher Elis Regina Carvalho Costa.


Cidade do abandono: Rio de Janeiro/RJ
Local: Restaurante Filet e Folhas - Rua do Rosário
Data: 23/10/2013

Um comentário:

  1. Ai, que saudade! Assisti ao show Essa Mulher em Porto Alegre, no extinto Teatro Leopoldina...

    ResponderExcluir