domingo, 22 de setembro de 2013

O HOMEM QUE MATOU GETÚLIO VARGAS


Jô Soares (1938) tem uma capacidade única de contar histórias e misturar fatos e versões, muitas vezes o fato é tão mais engraçado que fica parecendo uma versão humorística. Três anos depois do lançamento do seu até então livro mais popular, O Xangô de Baker Street, Jô aventura-se mais uma vez pela história do Brasil e traça uma obra mais calorosa, bem pesquisada e, claro, mais engraçada. Não se entusiasmem os leitores de que este é um livro do tipo stand up comedy com uma piada a cada parágrafo, longe disso, a piada está nas entrelinhas e vai exigir do leitor um mínimo de cultura sobre a história do Brasil para entender.

Reza a lenda que Jô leu mais de oitenta livros sobre Getúlio Vargas e a história do Brasil na época, além disso, contou com colaboradores de luxo como Rubem Fonseca, Fernando Morais e Hilton Marques para quem mandava os manuscritos em primeira mão aguardando uma análise dos amigos. Dizem que muitas vezes seguiu sugestões preciosas do Rubem Fonseca para tirar do texto piadas excessivas, e com isso ganhou muito no humor indireto através das situações patéticas vividas pelo protagonista.

O complexo personagem Dimitri Borja Korozec, filho de pai sérvio e mãe brasileira, é obcecado por Getúlio Vargas. O livro é quase uma biografia desse homem que tem como profissão ser assassino de líderes políticos, embora tenha uma propensão natural para a catástrofe. Dimitri é sempre o homem certo na hora errada com uma espantosa dificuldade de cumprir metas a que se propõe. Com uma marca de nascença extremamente visível por possuir seis dedos em cada mão sua pontaria não é nada prodigiosa, basta mirar no alvo que ele mesmo se torna a vítima.

O leitor passeia pelas desventuras desse assassino trapalhão desfrutando de passagens verídicas, ou não, muito interessantes da história europeia e brasileira.

Cidade do abandono: Rio de Janeiro/RJ
Local: Aeroporto Galeão - Praça em frente ao Rei do Mate
Data: 21/10/2013

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