Eu não acredito em coincidências assim como não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem. O fato é que há duas semanas estava conversando com um amigo sobre o filme Carandiru e intitulei a participação do Rodrigo Santoro no filme como ‘erro de casting’, parodiando outra amiga, a atriz Ilana Kaplan. E aí nos lembramos do filme Bicho de Sete Cabeças, dirigido por Laís Bodanzky, onde o ator vive um momento espetacular de atuação.
Essa semana a tosca novela Viver à Vida (Globo) mostrou a
personagem Paloma internada numa clínica psiquiátrica, adjetivada como ‘radical
e ultrapassada’, contra a sua vontade e com o discurso dos pais de que “é para
o seu bem”. Isso imediatamente me remeteu ao livro que deu origem ao filme
chamado Canto dos Malditos, escrito sob forma de denúncia biográfica, se é que
existe essa categoria, por Austregésilo Carrano Bueno (1957-2008). É biografia
porque o autor foi paciente de vários hospitais psiquiátricos e conta sua
história de forma comovente e muito realista. É denúncia porque revela aos
olhos do grande público os maus tratos físicos e psicológicos infringidos aos
pacientes com altas doses de sedativos, péssimas condições de higiene e sessões
de eletrochoque.
O ano é 1974, no auge da repressão militar em que os
cabeludos, roqueiros e usuários de drogas eram rotulados como bandidos. O pai
de Austry, apelido do autor, encontra em sua jaqueta um cigarro de maconha. Aconselhado
por um amigo policial, interna o filho desajustado no Hospital Psiquiátrico Bom
Retiro iniciando aí a experiência que marcaria Austry para sempre.
Austregésilo pesquisou durante nove anos toda a barbárie que
sofreu, publicou esse livro, filiou-se ao Movimento da Luta Antimanicomial,
moveu a primeira ação indenizatória por erro médico psiquiátrico no Brasil,
perdeu a ação e foi condenado a pagar sessenta mil reais aos médicos e
hospitais onde esteve internado, foi homenageado em 2003 pelo Ministério da
Saúde pela sua luta contra os antiquados manicômios brasileiros.
Lição de vida que custou caro ao protagonista.
Cidade do abandono: Salvador\BA
Local: Ponto de ônibus - Praça da Igreja N S da Vitória
Data: 06\10\2013
Oi adorei a sua ideia de abandonar livros em locais publicos, só gostaria de melhora-la para que as pessas que encontra-sem os livros fize o mesmo que vc fez apos ler . uma carta na contra capa explicando o pq o livro foi abandonado e que se fosse de interesse da pessoa que ela fize-se o mesmo ao final da leitura para que outra pessoa pude-se encontra-lo.
ResponderExcluirRosa,
ExcluirEssa explicação existe. Cada livro abandonado possui uma etiqueta na contracapa explicando que o livro faz parte do acervo do blog Abandonando Livros, incita o sortudo que o achou a ler e depois abandonar o livro novamente, registrando aqui no blog ou por e-mail suas impressões da obra, o dia e o local do novo abandono. Infelizmente poucos registram os achados, mas fico feliz assim mesmo.
Obrigado por visitar o blog