Quando vejo e leio nos jornais, blogs e redes sócias tanta
mobilização pela saída do Sr. Feliciano da Comissão de Direitos Humanos e
Minorias fico a pensar naqueles que o elegeram, porque ele foi eleito
democraticamente, e se essas pessoas ainda acreditam no seu discurso. Alguns dias
atrás assisti pela TV a uma entrevista com o Sr. Jean Wyllys e também pensei
naqueles que o elegeram. A imagem desgastada, meio cínica, e investigada do
primeiro e a imagem eloquente, erudita, e até então ética do segundo. O
primeiro veio da minoria e foi catapultado para uma quase maioria, sim, os
fundamentalistas religiosos estão tomando conta das bancadas das assembleias, e
o segundo continua minoria, já que a grande maioria homossexual que ele defende
não mostra a cara na mesma proporção que os eleitores do primeiro mostram a
Bíblia.
Como me considero um ser pensante converso aqui com os meus
botões sobre o que move tudo isso, e o que realmente incomoda uns aos outros, a resposta veio quase que imediata: O SEXO. No discurso agressivo do primeiro e
no discurso eloquente do segundo permeia quase de forma invisível a questão de
com quem você faz sexo, porque é óbvio que ambos fazem sexo, cada um a sua
maneira e com a frequência e a companhia que os aprazem. Mas a questão “maior”
está no direito civil que cada ser humano deve ter independente da maneira que
ele faz sexo.
Por isso escolhi para abandonar mais um livro do Jean Genet
(1910-1986). O primeiro que abandonei foi Diário de Um Ladrão, post datado de
16/10/2011 que vale a pena reler para se ter uma ideia sobre o autor, e agora vai
um livro “pedrada” que se chama Pompas Fúnebres. Escrito em 1947, mas publicado
pela primeira vez no Brasil em 1968 numa edição bem pobrinha e cortada pela
censura, surgiu completo somente em 1985 e trata-se das histórias
verídico/fantasiosas sobre a ocupação da França pelos alemães cujos personagens
eram todos considerados ‘invertidos sexuais’. A expressão da homossexualidade é
mais difícil que a sua prática e raros são os testemunhos reais do erotismo
exclusivamente masculino. Até nesse patamar as mulheres estão muito à frente
dos homens. Nesse livro Genet aborda a rendição erótica do homossexual aos
símbolos militares e sabe quanta homossexualidade contém, em segredo, no
militarismo. Mas, ao invés de condenar a trapaça que o vitima, ele a usufrui ao
máximo, abstraindo dos soldados, carrascos e torturadores a sua ideologia, usando
seus corpos belos e musculosos preparados para o amor viril.
Genet, rebaixado, excluído e estigmatizado pela sociedade, vingou-se daqueles que julgaram sua forma de amar como um mal provocando-os,
através da literatura, o desejo de experimenta-lo.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Estacionamento Colégio Dorotéias - Garcia
Data: 18/06/2013
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