Marguerite Duras (1914-1996) é uma autora que me instiga.
Assim como Clarice do post passado, Marguerite Yourcenar, Viginia Woolf,
Florbela Espanca e, sem querer desmerecer ou ser injusto com as demais, o fato
é que Marguerite Duras tem uma escrita voltada para as relações humanas sob a
ótica do amor que me fascina. Nunca consegui ler seus livros uma única vez.
Aqui no blog ela já apareceu duas vezes com os livros A Dor e O Deslumbramento.
Agora escolhi Olhos Azuis Cabelos Pretos e estou com um
friozinho na barriga ao escrever este post porque sei que em breve o livro irá
sair da minha estante. O que me conforta é o fato de saber que provavelmente esse
livro irá povoar os pensamentos de uma outra pessoa.
O romance tem como cenário um quarto. Dele ouve-se o
barulho do mar, mas também se ouve o ruído das pessoas que passam em busca de
sexo. A narrativa gira em torno de um homem e uma mulher que vivem uma união
branca e que tem entre si um obstáculo intransponível ao outro, as lembranças
do homem de olhos azuis e cabelos pretos.
Ele é homossexual e ela é paga por ele para que durma a seu
lado com a finalidade implícita de manter uma espécie de impessoalidade afetiva.
Ele se apaixonou pelo rapaz que conheceu e ela é dúbia em seus sentimentos pelos dois, ama
a ilusão do amor correspondido. O encontro do homem e da mulher é permeado
pelas lembranças do rapaz. Não contam seus nomes, mas conversam sobre a vida, a
morte, e sobre seus anseios. A autora utiliza-se da sua experiência para traçar
cenas na terceira pessoa com marcações puramente teatrais com frases curtas e
eloquentes.
Um primor.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Shopping Passeo Itaigara - Escada de acesso ao cinema.
Data: 29/03/2013
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