Janet Dailey (1944) tinha trinta anos quando repetiu mais
uma vez para seu marido que poderia escrever livros melhores do que aqueles que
já tinha lido. Consumidora voraz de romances desde pequena, quando suas irmãs
mais velhas liam para ela, e mais tarde com seu próprio cartão da biblioteca
pública acostumou-se a fuçar todo tipo de romance e os devorava avidamente. Desafiada
pelo marido para enfim escrever suas próprias histórias não demorou muito para
que Janet conseguisse que a Harlequin multinacionais publicasse seu primeiro
romance.
O livro que pretendo abandonar chama-se “A Carícia do Vento”,
faz parte do universo da escritora que traz heroínas pouco convencionais para
a época, não eram mais virgens e apaixonavam-se por homens pobres ou pouco
atraentes, mas sempre com personalidades fortes para haver um embate.
Na leitura conheceremos Sheila Rogers, uma garota rica muito
mimada pelos pais que a tratavam como princesinha. Casa-se com Brad, um caça
dotes bonito e envolvente. Na lua de mel no México Brad é assassinado e ela
sequestrada. Sheila conhece o seu raptor, um homem forte, corajoso e idealista,
chamado Ráfaga, uma espécie de Robin Hood que encarna a esperança de pessoas
oprimidas que vivem sem comida, sem justiça, a mercê da vontade das
autoridades locais. O ódio e a rejeição inicial dá lugar a uma paixão arrebatadora
entre eles. Duas personalidades e realidades que repelem e
seduzem ao mesmo tempo, tanto que de raptada Sheila torna-se a raptora num
revés surpreendente, sedutor e picante.
Reza a lenda que Janet é altamente disciplinada e quando
está escrevendo um novo romance se impõe uma meta de quinze páginas por dia.
Num dia bom isso pode durar entre oito ou dez horas de trabalho, num dia não
muito inspirado pode passar de quatorze horas. Uma peculiaridade da sua
eficácia é que ao completar as quinze páginas ela para de escrever mesmo que
esteja no meio de uma frase. Segundo Janet os pensamentos inacabados são um
incentivo para recomeçar a escrever no dia seguinte.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Concha Acústica do Teatro Castro Alves
Data: 13/04/2013
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