sábado, 8 de setembro de 2012

FERNÃO CAPELO GAIVOTA


Quando eu era adolescente tinha certeza de tudo, vivia a famosa certeza da juventude; radical, impetuosa, agressiva, quando achamos que já sabemos de tudo sobre tudo e que nossa opinião sobre determinado assunto jamais mudará. Não quero que você, amigo leitor do blog, confunda essa impetuosidade com falta de conformismo. Entre a birra de bater o pé para uma determinada opinião e a quebra de paradigmas para conceitos pré determinados na busca por novas formas de ver e opinar sobre as mesmas coisas, há uma diferença enorme que passa pelo frescor e a vontade de ver sob novos ângulos.

Nessa época, aos 16 anos, no auge da minha impetuosidade e impaciência para o que chamava de “velho”, li a história de Fernão Capelo Gaivota, livro publicado em 1970 por Richard Bach (1936). Confesso que naquele momento não entendi tudo e achei até esquisita a história de uma gaivota despertar nas pessoas tamanha motivação para mudar suas vidas.

O autor usa uma gaivota como personagem principal num texto bem lúdico. Ex-piloto da Força Aérea, Richard Bach pautou praticamente todos os seus livros no ar, desde suas primeiras histórias sobre voar em aeronaves até suas últimas onde o voo é uma complexa metáfora filosófica. Escolheu a gaivota porque, diferente dos outros pássaros, esta não se preocupa apenas em conseguir comida. A gaivota vive também em função da beleza de seu próprio voo, algumas voam alto, outras fazem mergulhos e acrobacias, um tema perfeito para usar como metáfora sobre acreditar nos próprios sonhos e buscar o que se quer, mesmo quando tudo parece conspirar contra. O livro é uma aventura sobre a liberdade e o perdão. Para quem crê nisso Fernão Capelo Gaivota será uma história com sentido. Para quem não acredita será apenas um livro infantil sobre uma gaivota que pensa e vai além dos seus próprios limites.

Até hoje, beirando os 50, releio esse livro vez por outra e ainda encontro ideias e conceitos novos, como se o livro estivesse em plena transformação. Como já aprendi que palavras escritas estão ‘mortas’, as mudanças de conceitos estão no olhar de quem as lê, de acordo com o estado de espírito e forma de encarar a vida.

Cidade do abandono: Rio de Janeiro/RJ
Local: Hotel Windsor Guanabara
Data: 13/11/2012

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