quarta-feira, 29 de junho de 2011
O COLECIONADOR
Deixando um pouco de lado as ‘leituras tortas’, hoje me dedico a escrever sobre um livro que gosto muito; O Colecionador. Sua intrincada história com toques de thriller psicológico e um lado que acho muito interessante, o delinear dos personagens. É incrível como John Fowles (1926/2005) consegue dividir tão bem a personalidade dos personagens a partir do desenrolar dos acontecimentos e depois das páginas dos seus respectivos diários.
O livro narra a história de Frederick Clegg, um homem tímido que trabalha como balconista em uma Prefeitura. Os amigos o ridicularizam, principalmente seu hábito de colecionar borboletas, quando o destino resolve fazê-lo ganhador de um prêmio da loteria e, subitamente, Clegg torna-se dono de uma grande fortuna. Ele então passa a ter uma única ambição: sequestrar Miranda, uma bela estudante de arte, objeto de um contemplativo e sôfrego amor platônico. A trama maior se desenvolve a partir do momento em que a leva para o casarão que adquirira para este fim, ele tem a seu favor apenas a superioridade da força e a determinação mórbida de manter sua “peça” junto a si, e defronta-se com a vitalidade e inteligência de Miranda que, com sua superioridade de caráter, cultura e magnanimidade, confunde e ofusca o medíocre sequestrador.
Na minha modestíssima opinião John Flowes possui uma excelente coerência de estilo literário que caracteriza muito bem seus personagens. A linguagem de Clegg nos diários reflete sua personalidade disforme, opaca, enquanto o estilo de Miranda é ágil, culto, cheio de vitalidade. Este livro foi escrito em 1963, o ano em que nasci, e seu grande sucesso fez com que John abandonasse o magistério e fosse viver somente de suas produções literárias. Em 1966 ele publicou ‘A Mulher do Tenente Francês’, que, assim como O Colecionador, tornou-se um best seller e também foi adaptado para o cinema, só que com mais sucesso. Também pudera, com Meryl Streep no papel principal já era de se esperar.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Salvador Shopping - Louge 1º Piso
Data: 28/08/2011
sexta-feira, 24 de junho de 2011
EU E O GOVERNADOR
Falei no post anterior sobre leituras “tortas” e não me contive em continuar com mais um exemplar dessa época de ouro. Vasculhei os livros que tenho para abandonar e encontrei um ótimo. Eu e o Governador.
A escritora chama-se Adelaide Carraro. Não que o livro seja ruim, uma história é sempre uma história e eu já disse aqui que gosto muito disso, mas há quem não goste, não leia, e até faça o sinal da cruz ao ouvir o nome da autora. Na época era um livro ‘proibido’, primeiro por ter relatos quase pornográficos e segundo porque foi escrito na primeira pessoa, como um diário da jovem que, ex-tuberculosa, apenas queria um emprego público para si e melhores condições para outros ex-tuberculosos e se envolveu num turbilhão de sexo, drogas and rock and roll político.
O Governador de quem se trata o livro, apesar de nunca ter sido nomeado pela autora, era o Janio Quadros. Quando o livro foi publicado o Janio não era mais nem Presidente, já tinha renunciado, e mesmo assim foi um livro ‘bomba’.
Em 1977 Adelaide Carraro já era uma escritora super publicada, tinha 23 livros escritos em apenas 12 anos de carreira, uma média de dois por ano, amargava cinco processos pelos mais diversos motivos, foi presa dezoito vezes e já tinha vendido dois milhões de exemplares dos seus livros e ainda escreveria outros tantos. Junto com Cassandra Rios, outro fenômeno de vendas nos anos 60/70, só seriam batidas muitos anos depois pelo Paulo Coelho, cujos livros, longe dos relatos pornográficos do mundinho político, falavam de magos e bruxas.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Salvador Shopping - Garagem 2
Data: 28/08/2011
sábado, 18 de junho de 2011
AMOR É SÓ UMA PALAVRA
Não é o melhor livro do J M Simmel, dizem por aí que “Por Quantos Ainda Vamos Chorar”, título horrível, é a sua melhor obra, outros acham que “Nem só de Caviar Vive o Homem”, outro título duvidoso, é o mais divertido. O livro que ora abandono é “Amor é só uma Palavra”, mais um título esquisito para a coleção, narra a história de um grande amor vivido por dois jovens da primeira geração do pós-guerra. Oliver Mansfeld, um rapaz de 21 anos, bem-nascido e com um belo futuro pela frente, e Verena Lord, mais velha que Oliver, casada e dividida entre o amor jovial e a vida boa proporcionada pelo marido.
Johannes Mario Simmel é filho de judeus, formou-se em química e atuou na área até 1945 quando os laboratórios vienenses foram destruídos durante os conflitos da Segunda Guerra Mundial. Desertou do exército, foi preso pelos russos e enviado para trabalhar como tradutor nos EUA. Foi jornalista e trabalhou em importantes revistas austríacas. Abandonou o jornalismo e dedicou-se a escrever livros, com um novo romance em média a cada dois anos, livros estes que muitos desdenham por tratar-se de um universo meio Dallas de ser. Para quem não se lembra do seriado televisivo, Dallas tinha um enredo recheado de ‘voltas por cima’, com fartas doses de poder, sexo e cobiça. E Simmel ainda situava tudo isso no pós guerra.
Confesso que minha humilde opinião se baseia em leituras tortas de mais de 20 anos atrás, e para ser bem franco, acho que não estaria numa lista de prioridades atuais. Mas ressalto que J M Simmel vendeu mais de 73 milhões de exemplares dos seus livros em todo o mundo, foi muito bem aceito pela crítica e público da época. Morreu aos 84 anos esquecido pela mesma crítica e público que, hoje, espera ardentemente pelo próximo livro do Dan Brown (O Código Da Vinci) ou da Stephenie Meyer (Crepúsculo), coisas da vida.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Shopping Barra - Estacionamento G2 - Sul
Data: 09/07/2011
domingo, 5 de junho de 2011
DEPOIS DO FUNERAL
Faz um tempo que não escrevo aqui, ando tão atarefado com os diversos trabalhos em que meto o meu bedelho que não tem sobrado tempo para os livros, por isso vou continuar neste mês de junho a homenagem às mulheres iniciada em maio.
Hoje escolhi Agatha Christie (1890-1976), grande dama britânica, autora de mais de oitenta livros com mais de quatro bilhões de cópias vendidas, reza a lenda que, à sua época, era superada em vendas somente pela Bíblia e pelas obras de Shakespeare, especializou-se no chamado ‘romance policial’ e fez do detetive Hercule Poirot sua maior criação.
O livro que vou abandonar não está nas listas dos mais famosos, mas é um dos que mais gosto, ao lado de O Caso dos Dez Negrinhos e Assassinato no Expresso do Oriente, Depois do Funeral tem uma trama bem intrigante, daquelas intrincadas em que um parágrafo mal lido pode te deixar sem entender o final.
A história, escrita em 1953, começa depois do funeral do rico industrial Richard Abernethie, quando sua irmã Cora, que sempre teve por hábito fazer comentários impertinentes, insinua que Richard foi assassinado. No dia seguinte Cora é encontrada morta. O assassino está entre os convidados do funeral de Richard e Hercule Poirot é chamado para descobrir sua identidade, já que ninguém ali presente tem um álibi perfeito.
Agatha nunca gostou do resultado de suas obras adaptadas para o cinema, com apenas uma exceção para Testemunha de Acusação, dirigido por Billy Wilder. Mas o teatro, ao contrário, trouxe-lhe grandes alegrias, exemplo para A Ratoeira, que foi encenada por mais de vinte anos.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Estacionamento G1-J - Salvador Shopping
Data: 05/07/2011
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