No site da editora existe a informação que o livro foi
traduzido para as principais línguas do mundo e ainda hoje vende cerca de 250
mil exemplares por ano, atingindo estratosféricos 65 milhões de cópias desde
seu lançamento. Uma curiosidade sobre seu autor, J. D. Salinger, é que ele se
recolheu após o sucesso do livro e viveu recluso até sua morte com raríssimas
aparições para a imprensa. Chegou a publicar outros livros considerados pela
crítica especializada como ‘sem relevância’.
A primeira vez que fiz a leitura eu tinha a mesma idade
do protagonista do livro e passava pela minha fase adolescente rebelde.
Acredito que exatamente por isso achei o livro parado demais e quase abandonei
a leitura. A história de Holden Caulfield acontece num fim de semana e começa após ele saber que, devido às suas notas e ao seu mau comportamento, seria expulso no
dia seguinte do prestigiado Colégio Pencey. Uma briga com seu colega de quarto
é o estopim para uma peregrinação por Nova York que o levará ao encontro de
Sunny, a prostituta, Sally Hayes, a ex-namorada, Phoebe, sua irmã mais nova, e
o Professor Antolini. Apesar de conter passagens interessantes como a história
do museu e o sonho do apanhador de crianças, eu achei o livro chatíssimo.
Posteriormente, aos vinte e quatro anos, reli a obra em
outro contexto da minha vida e percebi que na primeira leitura faltou
maturidade para entender as entrelinhas e o processo de transformação física e
psíquica que passava pela cabeça do Holden. A narração na primeira pessoa é o
ponto de partida para entender que pouco importa a ação do livro, o sentido
está no que o personagem pensa. Todas as metáforas nos levam a perceber sua
dificuldade em crescer, sair da infância e passar a ser adulto. Esse hiato é
uma fase difícil até hoje, largar o infantil é perder a inocência das coisas e
talvez o sonho do apanhador seja exatamente não deixar as crianças caírem no
precipício, mantê-las num mundo perfeito em que brincar é a principal tarefa.
Até hoje a obra é passível de críticas veementes e elogios eloquentes, eu
passei pelas duas fases. Agora tente você.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Banco da praça em frente à igreja do Sr. do Bomfim
Data: 10/07/2016
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