domingo, 13 de março de 2016

PORTA DOS FUNDOS


Quando ouvi falar dos vídeos feitos pelo grupo Porta dos Fundos fiquei fascinado pela qualidade cinematográfica e o forte apelo cômico dado pelos autores e atores para situações do cotidiano. Lembro que o primeiro filme que vi relatava a revolta de um atendente numa rede de restaurantes face à indecisão do cliente na escolha dos oito ingredientes que iriam compor o molho para sua massa. Achei maravilhosa a ideia porque já me irritei algumas vezes com a indecisão da pessoa que estava a minha frente na fila e imaginei a vida do atendente que aturava o fato se repetir dezenas de vezes ao dia.

O que achei mais interessante é que a rede de fast food retratada no vídeo não se ofendeu com a caricatura e passou a usar o vídeo no treinamento dos funcionários. Mais tarde financiou uma segunda versão com o mesmo atendente fazendo o processo de forma correta, e aceitou que o Porta dos Fundos imprimisse sua marca com um pequeno deslize durante no final. Sem perder o bom humor e jogando pela janela o chatíssimo “politicamente correto” o grupo se firmou com milhões de visualizações de seus vídeos na internet, ganhou um programa de TV num canal fechado e em 2013 lançou os roteiros dos vídeos em livro, visando obviamente amealhar mais uns trocados.

Tirar a imagem e o som de um produto visto por milhões de pessoas poderia ser um tiro no pé, mas, na minha mais humilde opinião, o foco no roteiro salvou a obra de tornar-se objeto de decoração em mesas de centro. O livro possui uma introdução sobre a ideia do texto e como ela se desenvolveu, esse bônus traz um pouco dos bastidores dos trinta e sete esquetes que são apresentados e eu dei risada do texto mesmo sem ter visto boa parte dos vídeos, prova cabal do quanto ele é importante no processo.

Ainda na minha modestíssima opinião acho que o diagramador inseriu cores em excesso, senti também a falta de uma ficha técnica mais apurada dos esquetes para completar o conhecimento de como se faz, mas isso não tira o mérito do livro que pode tornar-se uma boa fonte de consulta para quem quer escrever roteiros de humor. Os tecnológicos de plantão vão adorar os CR Code inseridos na primeira página de cada esquete, de posse de um tablet ou celular mais moderninho você pode ler o roteiro e depois assistir ao vídeo correspondente, uma boa chance para ver a teoria na prática.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: DNA Natural - Barra
Data: 15/04/2016

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