Como a ditadura agora é outra e vivemos numa época do
chatíssimo ‘politicamente correto’, o antigo DPOS (Departamento de Ordem
Política e Social) foi transferido para as redes sociais, onde tudo se julga e
todos são julgados, ao reler Diário da Corte tenho quase certeza de que mais da
metade dos textos não seriam publicados nos dias de hoje. Quer um exemplo? Ao
criticar o Sr. Caio Túlio Costa, que na época era o ombudsman da Folha de São
Paulo, jornal para o qual trabalhava, Francis escreveu: “Certamente a redação da Folha está infestada de pentelhos.” Mesmo
tratando-se de uma disputa interna o texto foi publicado pela Folha em 30 de
novembro de 1989.
Organizado pelo jornalista Nelson de Sá e publicado como
livro em 2012, o livro contém 76 artigos escritos entre 1976 e 1990. Os
assuntos vão da política norte americana à redemocratização brasileira, de
Nelson Rodrigues a Woody Allen, ataques ferozes contra José Guilherme Melquior
e Caetano Veloso. Ao terminar a leitura você pode ter a impressão de que o
Paulo Francis “se acha” e, em parte, é verdade. Há sempre a impressão,
principalmente para quem o conheceu pela TV, que ele falava de cima para baixo,
com sua voz inconfundível e cheia de inflexões como se dialogasse com
ignorantes e ele o arauto da elegância e do bem viver, e isso, em parte, também
é verdade.
Li certa vez uma matéria na revista Cult que dizia: “... o texto de Paulo Francis é sempre uma
delícia de ler e tem uma qualidade rara: é uma escrita tão sedutora que, de
repente, faz com que se esteja concordando com ele, mesmo a contragosto. Ele
faz uma mistura do culto com o popular, vai do erudito ao palavrão...”, e
arrematava: “Manejava bem o humor,
sobretudo quando se tratava de espinafrar alguém.” Eu, na minha mais
humilde opinião, concordo plenamente.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Doces Sonhos - Pituba
Data: 09/04/2016
Nunca esqueço do Caetano Veloso, puto com Francis, chingando-o em um programa de TV: "Bicha japonesa!"
ResponderExcluirImagine hoje o bafafá...rsrs