domingo, 7 de fevereiro de 2016

GREY


Faz algum tempo que estou aqui parado sem saber o que escrever sobre o livro citado no título deste post e isso é raro de acontecer. Não tenho pretensão de ser a nova Mãe Dináh ou tão famoso quanto Walter Mercado, mas escrevi aqui no blog em junho de 2014, no post ‘Cinquenta Tons de Liberdade’ que era bem provável que a escritora E. L. James (1963) ainda abocanhasse uns trocados lançando a versão de Cristian Grey para a saga Cinquenta Tons, no último livro havia um capítulo inteiro com a versão dele para o primeiro encontro com Anastacia Steele. E não é que dois anos depois lá está ele nas livrarias com todo o alarde que a editora pôde pagar para o lançamento.

É óbvio que ninguém me obrigou a ler o livro, muito menos a compra-lo, mas quem me conhece sabe que eu não ia resistir à curiosidade de ler o que ainda poderia render da história de amor e fantasias BDSM soft sob a perspectiva de Christian Gray. Nos três livros da série li sobre todas as inseguranças, questionamentos e devaneios românticos de Anastacia, o Christian aparecia nos diálogos, e-mails, SMS, e nas ações que ambos faziam juntos. Nesse novo volume eu li sobre todas as inseguranças, questionamentos e devaneios antirromânticos que o Christian viveu nos momentos que não estavam juntos e Anastacia tem voz somente nos e-mails, mensagens de SMS e nos diálogos copiados do primeiro livro.

Pelo menos para mim esse livro serviu para mostrar o quanto Grey é doente, uma alma atormentada, prepotente disfarçado e bom moço com suas ações para abrandar a fome mundial ou a ajuda que proporciona aos poucos eleitos do seu séquito de empregados. Mesmo vestindo essa capa sedutora de luxos e benesses que o dinheiro pode comprar Grey se mostra extremamente machista, possessivo, subjugando a mulher como objeto de prazer sexual.  Na minha mais modesta opinião nem seu passado obscuro justifica esses atos. Fantasias sexuais todos nós temos, é uma forma de amainar o entediante “sexo baunilha”, mas imprimir dor na pessoa amada e sentir prazer com isso deve ser passível de tratamento.

Acredito que E. L. James trabalhou muito para escrever esse volume e a ideia é boa, contar a mesma história sob a ótica de outro personagem, ser fiel à primeira obra e ainda por cima buscar o ineditismo dos acontecimentos. Confesso que por breves momentos dei algumas risadas com a nova versão, principalmente na relação de Christian com seus fiéis empregados e o comportamento deles face ao atendimento inquestionável dos seus desejos.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Passeio Público - banco próximo à entrada do Teatro Vila Velha
Data: 25/03/2016

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