domingo, 21 de fevereiro de 2016

GAROTA EXEMPLAR


No início de 2015 saiu a lista dos filmes que estavam indicados ao Oscar 2015 e dentre as indicações para Melhor Atriz estava Rosamund Pike pelo filme Garota Exemplar. Numa reportagem sobre o filme descobri que seu roteiro fora adaptado do livro homônimo pela própria autora. Confesso que isso aguçou minha curiosidade pela obra que eu já havia visto nos sites de livrarias. Como não houve indicação do filme para a categoria Melhor Roteiro Adaptado e a Rosamund Pike não ganhou o Oscar, decidi que só assistiria ao filme depois de ler o livro que a essa altura já estava na casa dos seis milhões de exemplares.

Comprei o livro meses depois numa liquidação e foi uma grande surpresa face aos comentários pouco elogiosos que ouvi sobre o filme, e que, acreditem, ainda não assisti. Gosto de me render a boas histórias e a autora Gillian Flynn (1971) faz do seu livro um best seller daqueles que você esquece de comer, dormir, e leva o livro até para o chuveiro. A história de Amy e Nick narrada ora por um e ora por outro, em capítulos alternados, conseguiu a proeza de me prender desde o início, a partir da página cinquenta eu já estava entregue e à medida que lia me envolvia mais e mais.

Amy é a garota exemplar, foi feita de objeto pelos pais psicólogos que publicaram livros contanto sua vida e expuseram sua infância e adolescência para uma multidão de aficionados que compravam os livros da série. Amy cresceu e o público perdeu o interesse pelos livros que seus pais escreviam. Nick nasceu minutos antes de sua irmã gêmea Margo e foi mimado, paparicado e embalado pela sua família. Amy e Nick se conhecem, casam-se e vivem suas vidas até que a recessão lhes tira o emprego e a mãe de Nick é diagnosticada com câncer. Nick usa essa desculpa como mote para sair de Nova York e voltar a morar em North Carthage, Missouri, sua cidade natal, o casamento estava desintegrando. No dia do aniversário de cinco anos de casados, bodas de madeira, Amy desaparece e várias evidências apontam Nick como culpado. Mas será que ele assassinou Amy, a garota exemplar? O pior é que ele é um babaca, mente para a polícia, esconde fatos, e só ajuda a incriminar-se ainda mais.

Mas engana-se o leitor que pensar tratar-se de mais um livro de crime e castigo, é muito mais que isso, Amy e Nick são duas mentes doentes em diferentes níveis, precisam um do outro para sentirem-se motivados e atormentados, cada um cumprindo seu papel na frente das câmeras de TV. Por diversas vezes parei de ler completamente estupefato pelo que se revelavam os capítulos. Hoje vivo num mix de emoções: tenho medo da autora, penso nela como uma desequilibrada mental e acho que seu marido devia repensar a relação, mas também estou ansioso para ler seu próximo livro. No fim das contas talvez o louco aqui seja eu.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Ponto de ônibus em frente à Sala de Arte - Cinema da Ufba
Data: 26/03/2016

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