O livro Tudo Que Eu Queria Te Dizer me pegou logo de
cara, talvez porque sou do tempo das cartas escritas à mão, envelopadas,
seladas e enviadas pelo correio. Levaria uns três dias para que o destinatário
lesse minhas palavras, dependendo do endereço esse prazo poderia ser estendido
para mais de uma semana. O cuidado que eu tinha em comprar o papel colorido, a
caneta de tinta nanquim, de fazer colagens com recortes de revista, expressavam
meu carinho para com o outro. Também não sei se o livro me abocanhou pelo tema,
coisas que gostaríamos de dizer e não temos coragem de fazê-lo pessoalmente,
mas precisamos dizer e a carta é a forma de revelar o sentimento sem estar
necessariamente ao lado de quem queremos falar. Expressar-se é difícil, e falar
de sentimentos olho no olho é mais difícil ainda, dizer ‘eu te amo’ ou ‘me
perdoe’ para alguns é quase impossível, mas, ao escrever essas palavras podemos
mudar o rumo de nossas vidas.
O livro é exatamente sobre isso, cartas. São pessoas que
escrevem para desabafar, matar as saudades, pedir perdão, exorcizar sentimentos
e prazeres encobertos. Parecem cartas reais já que trazem os sentimentos comuns
das pessoas e nisso Martha é uma mestra, ela sabe como emocionar de forma
simples e direta. Seus personagens trazem essa verdade de quem precisa dar uma
virada, por isso são cartas reveladoras, de despedida, que passam uma situação
a limpo. A amante enviando uma carta para a esposa traída, o jovem que escreve
para a mãe do amigo que ele matou num acidente, a esposa que ganha a vida como
prostituta, a viúva que descreve a saudade daquele que se foi, como observadora
atenta do cotidiano Martha consegue colocar um pouco de nós mesmos em cada texto.
Mas não se engane o leitor, nem só de dramas vive o mundo
e as cartas também soam engraçadas. Como a da mulher que escreve para seu
demônio interior por querer livrar-se do “coisa-ruim” que ela sente existir e a
atormenta. Bem divertido é ler a resposta do “coisa-ruim” para ela.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Pátio do Museu Palacete das Artes
Data: 02/01/2016
Olá!Tô lendo agora e encantada!! Mas me diga uma coisa, nunca vi a peça da genial Ana Beatriz, qual das cartas do livro ela encena? O texto dela deve ser adaptado ao teatro, mas no geral, vc que já assistiu a interpretação dela, é mais ou menos fiel ao livro? Pergunto porque sou apaixonada pela atriz e quero ler as cartas imaginando ela encenando, hahahaha. Obrigada!!
ResponderExcluirOlá Anne, pelo que me lembro o texto da peça era o mesmo do livro, mas acredito que não eram todas as cartas, só metade delas foi para o palco. A interpretação da Ana Beatriz era visceral e arrebatadora. Boa leitura e obrigado por visitar o blog.
ExcluirObrigada você, pela gentileza! Vou acompanhar seu trabalho aqui. Beijinho!!!
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