Foi exatamente isso que aconteceu com o livro O Réu e o Rei.
Quando li uma matéria na Veja on line
em maio de 2014 sobre o mais novo livro do Paulo Cesar de Araújo (1962),
lançado sem alarde pela editora Companhia das Letras, que dizia: “Atenção,
leitor: os advogados de Roberto Carlos estão lendo o livro. Por via das
dúvidas, é melhor correr para garantir seu exemplar.” Foi exatamente o que fiz.
Quando o livro Roberto Carlos em Detalhes foi “censurado” pelo
“Rei” da MPB a alegação era que o autor invadia sua privacidade. Como ainda não
li esse livro aqui não cabe opinião. O Réu e o Rei é um livro que conta a saga
do autor na construção da obra anterior, as entrevistas, os bastidores dos
processos judiciais, que foram muitos, as repercussões na mídia, os
pronunciamentos de biógrafos e possíveis biografados, além de todo o imbróglio
sobre a lei das biografias na Câmara, no Senado e no Supremo Tribunal Federal.
São 474 páginas que o autor, sabidamente, conta sua própria história e cita o
“Rei” como seu ídolo e querelante, defendendo-se das muitas acusações que lhe
foram atribuídas.
O livro me emocionou em diversos momentos. Conta histórias
divertidas, inusitadas, e me remeteu a uma época que os artistas eram pessoas e
não personas (personagens). Apesar de o autor buscar um tom imparcial nos
capítulos pós-embargo do livro, citando depoimentos pró e contra as biografias
não autorizadas, é claro, quase óbvio, que a balança tende a pesar para os
‘prós’ em quantidade, mas sem tirar o mérito da questão ou a importância da
obra. Confesso que chorei junto com o Paulo Cesar ao ler o capítulo do acordo
judicial, chorei como pessoa e como amante dos livros, pelo precedente aberto e
pelo maniqueísmo da situação. Ao ler o último parágrafo de O Réu e o Rei, livro
que é incompleto porque ainda não chegamos a um fim legislativo ou judiciário
da questão, ficou gravada em minha memória uma frase que reproduzo aqui na
íntegra sem qualquer prejuízo da sua leitura, o pensamento da historiadora
Heloísa Starling, da Universidade Federal de Minas Gerais, que diz:
“Daqui a cem anos, quando nenhum de nós aqui mais existir,
existirão as canções de Roberto Carlos e o livro Roberto Carlos em Detalhes
para explicar às gerações futuras a grande importância deste artista na
história da música Brasileira.”
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Louge das salas DeLux - UCI Orient - Shopping Barra
Data: 19/06/2015