domingo, 2 de novembro de 2014

O MENINO MALUQUINHO


Na semana passada fui ao teatro. Aqueles que me conhecem pessoalmente devem estar dizendo: grande novidade! E é mesmo em se tratando de teatro infantil. Como não tenho filhos e meus sobrinhos estão crescidos demais para isso, fico aguardando a oportunidade de levar meus sobrinhos netos para desfrutar desse encantamento. O teatro infantil é encantamento.  Só trabalhei com crianças uma única vez nos anos 1990 na peça Potato Pum cujo texto de Aninha Franco contava a história de uma batata inconformada por estar na feira, ela queria ser chique e desfrutar do ar condicionado das gondolas dos supermercados e da companhia de rabanetes e aspargos. Quem interpretava a batata era a atriz Cristiane Mendonça, eu a conhecia pouco, mas em questão de dias nos tornamos amigos de infância.

A peça que assisti na semana passada chama-se O Circo de Só Ler e conta a história de um garoto viciado em joguinhos eletrônicos, mas que não sabe ler. Até a chegada do circo e seus personagens atrapalhados que, não só o alfabetiza, mas lhe ensina o quanto o livro é capaz de ampliar horizontes através da imaginação. Outra vez Cristiane Mendonça surpreende e cativa a atenção dos meninos e meninas hiperativos da plateia interpretando o Livro Encantado que conduzirá o menino a mundo inimagináveis.

Num certo momento há uma música que fala sobre dar livros de presente e o quanto é bom receber livros, uma pilha deles chega até às mãos do ator mirim e percebi que entre eles está uma edição em capa dura de O Menino Maluquinho, um livro maravilhoso escrito pelo genial Ziraldo (1932). Confesso a vocês que me emocionei e peço perdão se soar “bufão” demais, mas parecia que eu já tinha vivido aquela cena.

O livro, que já foi adaptado para o teatro, cinema, quadrinhos e série de TV, foi escrito em 1980. Eu já era grandinho quando o li pela primeira vez. Estava na sala de espera da clínica odontológica aguardando para ser atendido quando fucei uma pilha de revistas e lá estava ele no meio de outros livros para crianças. Fiquei enternecido com aquele personagem tão travesso, que aprontava mil e uma confusões, era a alegria da casa e liderava as brincadeiras com os amigos. Era nota dez nas matérias e sempre ganhava um zero no quesito comportamento. Com sua panela na cabeça desbravava o mundo e por isso era chamado de Menino Maluquinho. Depois de ler a última página fechei o livro e pensei – esse garoto não tem nada de maluquinho, é somente um menino feliz.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Foyer do Teatro Castro Alves
Data: 21/12/2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário