Na semana passada fui ao teatro. Aqueles que me conhecem
pessoalmente devem estar dizendo: grande novidade! E é mesmo em se tratando de
teatro infantil. Como não tenho filhos e meus sobrinhos estão crescidos demais
para isso, fico aguardando a oportunidade de levar meus sobrinhos netos para
desfrutar desse encantamento. O teatro infantil é encantamento. Só trabalhei com crianças uma única vez nos
anos 1990 na peça Potato Pum cujo texto de Aninha Franco contava a história de uma
batata inconformada por estar na feira, ela queria ser chique e desfrutar do ar
condicionado das gondolas dos supermercados e da companhia de rabanetes e
aspargos. Quem interpretava a batata era a atriz Cristiane Mendonça, eu a conhecia
pouco, mas em questão de dias nos tornamos amigos de infância.
A peça que assisti na semana passada chama-se O Circo de Só
Ler e conta a história de um garoto viciado em joguinhos eletrônicos, mas que
não sabe ler. Até a chegada do circo e seus personagens atrapalhados que, não
só o alfabetiza, mas lhe ensina o quanto o livro é capaz de ampliar horizontes
através da imaginação. Outra vez Cristiane Mendonça surpreende e cativa a
atenção dos meninos e meninas hiperativos da plateia interpretando o Livro
Encantado que conduzirá o menino a mundo inimagináveis.
Num certo momento há uma música que fala sobre dar livros de
presente e o quanto é bom receber livros, uma pilha deles chega até às mãos do
ator mirim e percebi que entre eles está uma edição em capa dura de O Menino
Maluquinho, um livro maravilhoso escrito pelo genial Ziraldo (1932). Confesso a
vocês que me emocionei e peço perdão se soar “bufão” demais, mas parecia que eu
já tinha vivido aquela cena.
O livro, que já foi adaptado para o teatro, cinema,
quadrinhos e série de TV, foi escrito em 1980. Eu já era grandinho quando o li
pela primeira vez. Estava na sala de espera da clínica odontológica aguardando
para ser atendido quando fucei uma pilha de revistas e lá estava ele no meio de
outros livros para crianças. Fiquei enternecido com aquele personagem tão
travesso, que aprontava mil e uma confusões, era a alegria da casa e liderava
as brincadeiras com os amigos. Era nota dez nas matérias e sempre ganhava um
zero no quesito comportamento. Com sua panela na cabeça desbravava o mundo e
por isso era chamado de Menino Maluquinho. Depois de ler a última página fechei
o livro e pensei – esse garoto não tem nada de maluquinho, é somente um menino
feliz.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Foyer do Teatro Castro Alves
Data: 21/12/2014
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