domingo, 16 de novembro de 2014

A CASA DE BERNARDA ALBA


Todo mundo sabe, ou pelo menos aqueles que convivem comigo, do meu apreço pelo teatro. Desde garoto quando meu pai nos levava ao cinema nos domingos pela manhã para assistir ao Festival Tom e Jerry, e esses momentos eram raros, eu ficava fascinado com aquela sala escura e a ‘tela de televisão’ tão grande. Mais tarde essa tarefa de me levar ao cinema foi entregue ao meu avô José Arlindo, homem rústico que morava no interior, mas deleitava-se com a sétima arte sempre que passava uns dias na capital baiana.

O teatro eu descobri participando das apresentações de fim de ano na escola N. S. do Carmo da queridíssima diretora Olga Mettig, onde estudei até a terceira série. Mas só bem mais tarde eu fui fisgado definitivamente por esse ambiente escuro, parecido com o cinema, mas onde as coisas acontecem ao vivo. Não sou ator, longe disso, mas me considero um “rato de teatro” porque estou sempre ligado a ele de alguma forma, seja lendo e assistindo, me considero um leitor expectador.

Estava ontem à tarde passando os olhos pela minha estante de dei de cara com o exemplar da coleção Biblioteca de Ouro, e o texto era A Casa de Bernarda Alba. Frederico Garcia Lorca (1898-1936) foi um grande poeta e dramaturgo, a Casa de Bernarda Alba é o terceiro texto do que chamam de trilogia que começa com Bodas de Sangue e depois segue com Yerma. Tive a sorte de assistir montagens baianas dos três textos, mas A Casa tem algo especial porque foi encenada dentro da capela que fica no Solar do Unhão, era a primeira vez que eu assistia a uma peça de teatro fora do teatro.

A personagem central é uma matriarca tirana e dominadora que mantem as cinco filhas: Angústias, Madalena, Martírio, Amélia e Adela sob uma vigilância implacável. Com a morte do seu segundo marido Bernarda decreta luto fechado para ela e as filhas por oito anos, isso significava reclusão total com janelas e portas lacradas. Durante o luto uma disputa cruel e perigosa se estabelece entre a filha mais velha, a filha do meio e a mais nova, todas estão apaixonadas pelo mesmo homem, o galanteador das redondezas chamado Pepe Romano. Assim como nos outros textos da trilogia uma consequência trágica se abaterá por causa desse amor tão disputado.

Há quem diga que Frederico inspirou-se em uma história real para compor os personagens e o desfecho da peça, mas são especulações, jamais saberemos a verdade. Só nos resta ler e deliciar-se com a sua obra.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Pereira Café - Shopping Barra
Data: 27/12/2014

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