O teatro eu descobri participando das apresentações de fim
de ano na escola N. S. do Carmo da queridíssima diretora Olga Mettig, onde
estudei até a terceira série. Mas só bem mais tarde eu fui fisgado
definitivamente por esse ambiente escuro, parecido com o cinema, mas onde as
coisas acontecem ao vivo. Não sou ator, longe disso, mas me considero um “rato
de teatro” porque estou sempre ligado a ele de alguma forma, seja lendo e
assistindo, me considero um leitor expectador.
Estava ontem à tarde passando os olhos pela minha estante de
dei de cara com o exemplar da coleção Biblioteca de Ouro, e o texto era A Casa
de Bernarda Alba. Frederico Garcia Lorca (1898-1936) foi um grande poeta e
dramaturgo, a Casa de Bernarda Alba é o terceiro texto do que chamam de
trilogia que começa com Bodas de Sangue e depois segue com Yerma. Tive a sorte
de assistir montagens baianas dos três textos, mas A Casa tem algo especial
porque foi encenada dentro da capela que fica no Solar do Unhão, era a primeira
vez que eu assistia a uma peça de teatro fora do teatro.
A personagem central é uma matriarca tirana e dominadora que
mantem as cinco filhas: Angústias, Madalena, Martírio, Amélia e Adela sob uma
vigilância implacável. Com a morte do seu segundo marido Bernarda decreta luto
fechado para ela e as filhas por oito anos, isso significava reclusão total com
janelas e portas lacradas. Durante o luto uma disputa cruel e perigosa se
estabelece entre a filha mais velha, a filha do meio e a mais nova, todas estão
apaixonadas pelo mesmo homem, o galanteador das redondezas chamado Pepe Romano.
Assim como nos outros textos da trilogia uma consequência trágica se abaterá
por causa desse amor tão disputado.
Há quem diga que Frederico inspirou-se em uma história real
para compor os personagens e o desfecho da peça, mas são especulações, jamais
saberemos a verdade. Só nos resta ler e deliciar-se com a sua obra.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Pereira Café - Shopping Barra
Data: 27/12/2014
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