segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A VIDA SEXUAL DA MULHER FEIA


Quando ganhei de presente do meu amigo Eduardo Prata o exemplar desse livro percebi logo de cara que ele o comprou como um deboche. Na época eu estava bem gordo, autoestima baixíssima, e o título ‘A Vida Sexual da Mulher Feia’ além da foto de capa com uma mulher na cama com um travesseiro na cara, só podia ser uma piada... E era. Por causa disso o livro amargou uns bons meses na estante tomando doses diárias de poeira, poluição e umidade, destino de qualquer livro que fique numa estante da cidade de São Paulo sem o devido manuseio.

Por sorte dele, ou minha, num sábado daqueles bem frios que você desiste de sair por pura preguiça de ter que agasalhar-se até a alma, e quando falo em frio é frio mesmo, de quatro ou cinco graus, não esse “frio” que vivo hoje em Salvador que quando a temperatura cai para 220 e as pessoas se entocam em casa como se fossem feitas de papel crepom capazes de se desfazer caso um único chuvisco às peguem desprevenidas. Pois bem, estava procurando algo para ler e me deparei com o único exemplar de livro que ainda “virgem”. Comecei lendo a orelha escrita por Marcelo Pires, composta por seis parágrafos só de elogios, mas pensei... Quem é Marcelo Pires? Na outra orelha deveria ter uma biografia da autora, Claudia Tajes, mas eram apenas onze linhas, informando que ela é uma escritora gaúcha, nascida em 1963, publicitária e que estreou na literatura em 2000 com o livro ‘Dez Quase Amores’. Como tenho vários amigos gaúchos de quem gosto muito e também nasci em 1963 pensei com meus botões e falei para o livro... Hoje é o seu dia de sorte. Abri a primeira página e dei de cara com o primeiro parágrafo:

“Eu sou aquela que, quando cruza a sala a caminho da xerox ou levanta para pegar café na garrafa térmica, ouve dois colegas do escritório falando em voz supostamente baixa: Entre a Ju e a morte, quem você escolheria?”

Consumi as 132 páginas do livro até o anoitecer. Dividido em cinco sessões intituladas: Apresentação, As teses da mulher feia, O amadurecimento da mulher feia, Breve histórico dos amores da mulher feia e a Conclusão, conheci a personagem de nome Jucianara na certidão, ou Ju para os mais amigos, e toda vez que ela perguntava à mãe qual o motivo do nome esta repetia a mesma frase: “- Não poderia haver nome que combinasse mais com você.”

 Confesso que meu lado malvado até deu umas risadas com as desventuras da nossa heroína. Mas o que era para ser engraçado vibrava em mim de um jeito diferente, como se a autora quisesse arrancar o riso pela miséria alheia e em vários pontos senti pena e até um pouco de remorso por ler a história. No último momento, a Conclusão, que é feito de depoimentos e segundo a autora todos reais enviados através do seu programa de rádio, desmistifica a solidão como uma praga somente de mulheres feias, também para as bonitas a solidão muitas vezes é a melhor escolha.

Você vai ter que ler para saber.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Praça do Campo Grande
Data: 13/12/2014

Um comentário:

  1. Achei esse livro faz tempo e demorei de ler. Coloquei ele no estacionamento do shopping Barra como você manda fazer. Valeu pelo livro. Ana

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