Por sorte dele, ou minha, num sábado daqueles bem frios que
você desiste de sair por pura preguiça de ter que agasalhar-se até a alma, e
quando falo em frio é frio mesmo, de quatro ou cinco graus, não esse “frio” que
vivo hoje em Salvador que quando a temperatura cai para 220 e as pessoas se entocam
em casa como se fossem feitas de papel crepom capazes de se desfazer caso um
único chuvisco às peguem desprevenidas. Pois bem, estava procurando algo para
ler e me deparei com o único exemplar de livro que ainda “virgem”. Comecei
lendo a orelha escrita por Marcelo Pires, composta por seis parágrafos só de
elogios, mas pensei... Quem é Marcelo Pires? Na outra orelha deveria ter uma
biografia da autora, Claudia Tajes, mas eram apenas onze linhas, informando que
ela é uma escritora gaúcha, nascida em 1963, publicitária e que estreou na
literatura em 2000 com o livro ‘Dez Quase Amores’. Como tenho vários amigos
gaúchos de quem gosto muito e também nasci em 1963 pensei com meus botões e
falei para o livro... Hoje é o seu dia de sorte. Abri a primeira página e dei
de cara com o primeiro parágrafo:
“Eu sou aquela que, quando cruza a sala a caminho da xerox
ou levanta para pegar café na garrafa térmica, ouve dois colegas do escritório
falando em voz supostamente baixa: Entre a Ju e a morte, quem você escolheria?”
Consumi as 132 páginas do livro até o anoitecer. Dividido em
cinco sessões intituladas: Apresentação, As teses da mulher feia, O
amadurecimento da mulher feia, Breve histórico dos amores da mulher feia e a
Conclusão, conheci a personagem de nome Jucianara na certidão, ou Ju para os
mais amigos, e toda vez que ela perguntava à mãe qual o motivo do nome esta
repetia a mesma frase: “- Não poderia haver nome que combinasse mais com você.”
Confesso que meu lado
malvado até deu umas risadas com as desventuras da nossa heroína. Mas o que era
para ser engraçado vibrava em mim de um jeito diferente, como se a autora
quisesse arrancar o riso pela miséria alheia e em vários pontos senti pena e
até um pouco de remorso por ler a história. No último momento, a Conclusão, que
é feito de depoimentos e segundo a autora todos reais enviados através do seu
programa de rádio, desmistifica a solidão como uma praga somente de mulheres
feias, também para as bonitas a solidão muitas vezes é a melhor escolha.
Você vai ter que ler para saber.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Praça do Campo Grande
Data: 13/12/2014
Achei esse livro faz tempo e demorei de ler. Coloquei ele no estacionamento do shopping Barra como você manda fazer. Valeu pelo livro. Ana
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