domingo, 7 de setembro de 2014

EXÍLIO NA ILHA GRANDE


Li hoje no jornal o resultado de uma enquete sobre o que as pessoas fazem durante o horário político exibido na televisão nesse período que antecede as eleições, o resultado daria margem para grandes estudos sociológicos, filosóficos e humanos: 70% afirmaram mudar de canal para a TV a cabo, 22% afirmaram que desligam a TV e vão fazer outras coisas, apenas 8% alegam assistir à propaganda eleitoral. Isso significa que 92% não estão nem aí para a política deixando que os 8% que assistem, sejam lá por que motivos forem, decidam sobre suas vidas. Na minha humilde opinião, já que estou entre os 92%, está faltando engajamento social, político e humanitário.

Como sou velho e já passei por muitas fases políticas; tinha cinco anos quando houve o golpe de 1968, depois vieram os anos de chumbo, mais tarde passei pela abertura política, as diretas já, o impeachment, as manifestações de 2013 até os black bloc, e me pergunto onde estão essas pessoas? Incluindo-me nisso já que em diversas épocas da minha vida fui bastante politizado.

Fui buscar na minha estante um livro que pode servir a dois pretextos: Exílio na Ilha Grande pode ser lido como um livro político uma vez que seu autor, André Torres (1950), foi preso sob a acusação de ‘rebelde subversivo’. Desde adolescente participou de grupos de jovens e viveu na clandestinidade, usou de violência para chamar a atenção da sociedade e por isso foi encarcerado no mais temido presídio da época. Na introdução do livro ele diz: “Lá dentro, sob as lajes de concreto, parecia que o mundo ia acabar em fria escuridão.”

Para os jovens de hoje, mais preocupados em fazer selfies para as redes sociais, o livro pode ser lido como uma aventura estilo Indiana Jones, ou para ser mais moderninho, com jeito de Jogos Vorazes. Uma boa parte do livro revela os bastidores da Ilha Grande, as torturas e as fugas explicadas com desenhos e mapas, nosso “herói” consegue fugir do cárcere. O autor nos diz: “Como explicar minhas fugas? Meus êxitos, devo-os ao meu perfeito entrosamento com minha necessidade de liberdade, aos meus planos e métodos de preparação e improvisação, ao ambiente, à ousadia, aos companheiros, ao preparo físico, à simpatia, a um instinto infalível que me levou aos pontos fracos do sistema penitenciário nos momentos adequados, guiando meus passos.”

É um livro interessante, resta saber como você pretende catalogar no seu drive; política ou aventura?

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Salvador Shopping
Data: 30/11/2014

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