domingo, 16 de março de 2014

MORANGOS MOFADOS


Lembro-me perfeitamente quando li pela primeira vez a obra Morangos Mofados, escrita pelo Caio Fernando Abreu (1948 – 1996), era o volume de número cinco da série Cantadas Literárias da Editora Basiliense. Um projeto de literatura jovem, uma série de livros que começaram a ser publicados em 1981 com autores “marginais”, ou “marginalizados” pelas grandes editoras.

O diferencial de Caio Fernando Abreu deu-se sobre mim pelas inúmeras citações que o livro continha, isso me chamou à atenção porque vi naquele homem uma erudição que eu ainda não tinha, e através dele eu descobri outros autores de quem gosto muito até hoje. Ler Caio aos 19 anos foi uma experiência riquíssima, ele conseguia tratar de assuntos como; dor, fracasso, encontro, amor, esperança, com uma linguagem aberta, jovial, e ao mesmo tempo com a essência profunda dos sentimentos de qualquer ser humano.

Morangos Mofados é um livro de contos e é justamente aí o ganho para a minha geração, tão irrequieta como as de hoje. Começamos pelos pequenos textos e, uma vez apaixonados pela literatura, nos aventuramos mais tarde em livros com seiscentas páginas. Os contos de Morangos Mofados são agrupados em duas partes, além do conto final que dá título ao livro. A primeira parte “O Mofo” expõe com clareza a repressão à liberdade e nos leva aos sentimentos introspectivos. Fui impactado pelos contos: Os Sobreviventes, Terça-Feira Gorda e Eu, Tu, Ele. Na segunda parte, “Os Morangos”, vemos uma saída para aqueles traumas impostos pela família, sociedade, amigos, amores, e aí me reservo o direito de ressaltar: Sargento Garcia, Natureza Viva e Aqueles Dois.

Até hoje tenho fases da minha vida que procuro nos livros do Caio uma resposta, como se ele conversasse comigo e de alguma forma me desse respostas. Abaixo transcrevo um exemplo, mais atual impossível. Boa leitura.

“... as pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra.”

Conto: Natureza Viva

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Ponto de ônibus em frente à Reitoria da UFBA - Canela
Data: 25/04/2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário