O diferencial de Caio Fernando Abreu deu-se sobre mim pelas
inúmeras citações que o livro continha, isso me chamou à atenção porque vi
naquele homem uma erudição que eu ainda não tinha, e através dele eu descobri
outros autores de quem gosto muito até hoje. Ler Caio aos 19 anos foi uma
experiência riquíssima, ele conseguia tratar de assuntos como; dor, fracasso,
encontro, amor, esperança, com uma linguagem aberta, jovial, e ao mesmo tempo
com a essência profunda dos sentimentos de qualquer ser humano.
Morangos Mofados é um livro de contos e é justamente aí o
ganho para a minha geração, tão irrequieta como as de hoje. Começamos pelos
pequenos textos e, uma vez apaixonados pela literatura, nos aventuramos mais
tarde em livros com seiscentas páginas. Os contos de Morangos Mofados são
agrupados em duas partes, além do conto final que dá título ao livro. A
primeira parte “O Mofo” expõe com clareza a repressão à liberdade e nos leva aos
sentimentos introspectivos. Fui impactado pelos contos: Os Sobreviventes,
Terça-Feira Gorda e Eu, Tu, Ele. Na segunda parte, “Os Morangos”, vemos uma
saída para aqueles traumas impostos pela família, sociedade, amigos, amores, e
aí me reservo o direito de ressaltar: Sargento Garcia, Natureza Viva e Aqueles
Dois.
Até hoje tenho fases da minha vida que procuro nos livros do
Caio uma resposta, como se ele conversasse comigo e de alguma forma me desse respostas.
Abaixo transcrevo um exemplo, mais atual impossível. Boa leitura.
“... as pessoas falam
coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o
que são e nem sempre se mostra.”
Conto: Natureza Viva
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Ponto de ônibus em frente à Reitoria da UFBA - Canela
Data: 25/04/2014
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