sábado, 22 de junho de 2013

SARGENTO GETÚLIO


Curiosamente após a publicação do post sobre o livro As Brumas de Avalon e vários amigos terem me ligado fazendo gozação sobre o fato de que era muito livro para tão curtas férias, me vi quase na obrigação de ir para o extremo oposto e abandonar um livro que fosse curto, isto é, menos de cem páginas. Fui procurar na estante um livro que fosse memorável e ao mesmo tempo rápido de ler, com uma história fascinante e que pudesse ser devorado numa tarde.

Achei que a tarefa fosse difícil, mas assim que peguei a escada e me propus a vasculhar a estante me deparei com um livro que preenche todos (ou quase) os requisitos propostos: é brilhante, é fininho, é memorável, é fascinante, é muito bem escrito, só não cumpri com a parte que escrevi acima sobre ter menos de cem páginas porque a edição que possuo tem cento e quinze. Quinze a mais ou quinze a menos, o livro é Sargento Getúlio do mestre baiano João Ubaldo Ribeiro (1941).

O livro, publicado em 1971, é quase um monólogo. Conta a história de Getúlio Santos Bezerra, sargento da Polícia Militar do Estado de Sergipe, incumbido de levar um prisioneiro de Paulo Afonso/BA até a cidade de Aracaju/SE. Durante o caminho ele recebe a ordem de abortar a missão, mas como não a ouve do seu mandante decide ignorar a contra ordem e seguir adiante. É a partir daí que conheceremos o verdadeiro Getúlio, não o matador profissional alçado a sargento da Polícia, e sim um típico herói às avessas forjado nas tradições épicas e nos poemas humanistas. Durante a leitura há um momento em que Getúlio persegue São Jorge pelos descampados do sertão nordestino, é quando o veremos fragilizado e grandiloquente ao mesmo tempo, um episódio marcante da saga.

Além do livro tenho lembranças de dois momentos dessa história: no cinema em 1993 com a fenomenal interpretação de Lima Duarte que arrebatou os prêmios de Melhor Ator no festival de cinema de Gramado e no festival de cinema de Havana. E mais recentemente assisti no teatro uma versão protagonizada pelo talentosíssimo ator baiano Carlos Betão, sob a direção de Gil Vicente Tavares, que me fez chorar em vários momentos.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Viva Gula do Shopping Passeo Itaigara
Data: 20/07/2013

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