Curiosamente após a publicação do post sobre o livro As
Brumas de Avalon e vários amigos terem me ligado fazendo gozação sobre o fato
de que era muito livro para tão curtas férias, me vi quase na obrigação de ir
para o extremo oposto e abandonar um livro que fosse curto, isto é, menos de
cem páginas. Fui procurar na estante um livro que fosse memorável
e ao mesmo tempo rápido de ler, com uma história fascinante e que pudesse ser
devorado numa tarde.
Achei que a tarefa fosse difícil, mas assim que peguei a
escada e me propus a vasculhar a estante me deparei com um livro que preenche
todos (ou quase) os requisitos propostos: é brilhante, é fininho, é memorável,
é fascinante, é muito bem escrito, só não cumpri com a parte que escrevi acima sobre
ter menos de cem páginas porque a edição que possuo tem cento e quinze. Quinze
a mais ou quinze a menos, o livro é Sargento Getúlio do mestre baiano João
Ubaldo Ribeiro (1941).
O livro, publicado em 1971, é quase um monólogo. Conta a
história de Getúlio Santos Bezerra, sargento da Polícia Militar do Estado de
Sergipe, incumbido de levar um prisioneiro de Paulo Afonso/BA até a cidade de
Aracaju/SE. Durante o caminho ele recebe a ordem de abortar a missão, mas como
não a ouve do seu mandante decide ignorar a contra ordem e seguir adiante. É a
partir daí que conheceremos o verdadeiro Getúlio, não o matador profissional
alçado a sargento da Polícia, e sim um típico herói às avessas forjado nas
tradições épicas e nos poemas humanistas. Durante a leitura há um momento em
que Getúlio persegue São Jorge pelos descampados do sertão nordestino, é quando
o veremos fragilizado e grandiloquente ao mesmo tempo, um episódio marcante da
saga.
Além do livro tenho lembranças de dois momentos dessa
história: no cinema em 1993 com a fenomenal interpretação de Lima Duarte que
arrebatou os prêmios de Melhor Ator no festival de cinema de Gramado e no
festival de cinema de Havana. E mais recentemente assisti no teatro uma versão
protagonizada pelo talentosíssimo ator baiano Carlos Betão, sob a direção de
Gil Vicente Tavares, que me fez chorar em vários momentos.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Viva Gula do Shopping Passeo Itaigara
Data: 20/07/2013
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