Com a proximidade do dia dos namorados andei pensando muito
em um livro cuja história representasse um amor incondicional, definitivo,
desses que você tem certeza só acontecem nos livros, filmes ou novelas, sem
jamais pensar que pudesse acontecer na vida real. Dito isso fui direto à
estante e peguei O Amor nos Tempos do Cólera, do grande Gabriel Garcia Márquez
(1927), autor que já citei aqui no post Cem Anos de Solidão.
Se você é como eu, gosta de folhear um livro antes de ler, terá
a mesma impressão: como pode um livro de amor ter pouquíssimos diálogos entre
os amantes? O estilo “realismo fantástico” do Gabriel Garcia Márquez permite
que a história de uma vida, ou várias delas, se cruzem com a simples narração
dos sentimentos, pensamentos, ações, sem que haja sequer uma dúvida sobre a
veracidade do que se lê.
A história de amor entre Florentino Ariza e Fermina Daza
transcorre sem quase nenhum contato físico por mais de cinco décadas, enfrenta
o inicial temor pela rejeição, a conquista definitiva através de cartas de amor
cada vez mais eloquentes, o pedido de casamento mesmo sem nenhum contato, a
resposta ao pedido só veio quatro meses depois, a tia alcoviteira que
facilitava o vai e vem das cartas, a descoberta do romance, e das cartas, pelo
pai de Fermina, a separação imposta pela família, o primeiro olhar e a emoção
de conhecer o homem que a chamava de Deusa Coroada em tantas cartas de amor.
Florentino Ariza vive uma vida, Fermina Daza vive outra,
embalados por sentimentos diversos, lembravam-se um do outro, mas deixavam seus
corações abertos. É possível estar apaixonado por várias pessoas e por todas sentir
a mesma dor, essa dor que vem desde aquele primeiro e único amor verdadeiro. O autor nos
diz isso com seu jeito bem peculiar na página 334, “O coração tem mais quartos
que uma pensão de putas.”.
Quatrocentas e vinte e nove páginas retratam cinquenta e
três anos, sete meses e onze dias com as respectivas noites até que Florentino
diz a Fermina:
- Toda a vida.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Espaço Itaú de Cinema - Sala: 4 - Praça Castro Alves
Data: 10/07/2013
A-MO esse livro! E, em especial, essa frase. Que nunca esqueci.
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