
Se você é como eu, gosta de folhear um livro antes de ler, terá
a mesma impressão: como pode um livro de amor ter pouquíssimos diálogos entre
os amantes? O estilo “realismo fantástico” do Gabriel Garcia Márquez permite
que a história de uma vida, ou várias delas, se cruzem com a simples narração
dos sentimentos, pensamentos, ações, sem que haja sequer uma dúvida sobre a
veracidade do que se lê.
A história de amor entre Florentino Ariza e Fermina Daza
transcorre sem quase nenhum contato físico por mais de cinco décadas, enfrenta
o inicial temor pela rejeição, a conquista definitiva através de cartas de amor
cada vez mais eloquentes, o pedido de casamento mesmo sem nenhum contato, a
resposta ao pedido só veio quatro meses depois, a tia alcoviteira que
facilitava o vai e vem das cartas, a descoberta do romance, e das cartas, pelo
pai de Fermina, a separação imposta pela família, o primeiro olhar e a emoção
de conhecer o homem que a chamava de Deusa Coroada em tantas cartas de amor.
Florentino Ariza vive uma vida, Fermina Daza vive outra,
embalados por sentimentos diversos, lembravam-se um do outro, mas deixavam seus
corações abertos. É possível estar apaixonado por várias pessoas e por todas sentir
a mesma dor, essa dor que vem desde aquele primeiro e único amor verdadeiro. O autor nos
diz isso com seu jeito bem peculiar na página 334, “O coração tem mais quartos
que uma pensão de putas.”.
Quatrocentas e vinte e nove páginas retratam cinquenta e
três anos, sete meses e onze dias com as respectivas noites até que Florentino
diz a Fermina:
- Toda a vida.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Espaço Itaú de Cinema - Sala: 4 - Praça Castro Alves
Data: 10/07/2013
A-MO esse livro! E, em especial, essa frase. Que nunca esqueci.
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