sábado, 1 de dezembro de 2012

AS ESGANADAS


Faz muito tempo, muito tempo mesmo, o ano era 1985 e eu lia pela primeira vez um livro de contos piadistas escrito pelo então ator da Globo Jô Soares (1938). O livro era despretensioso e chamava-se ‘O Astronauta sem Regime’, uma galhofa do autor com o seu próprio peso. A editora L&PM faturou muito com a obra que vendeu mais que banana na feira.

Passados 27 anos Jô Soares saiu e voltou para a Globo, aparece como ator em breves e raras oportunidades, possui um talk show de sucesso e já escreveu sete livros, cinco deles em carreira solo. Na minha mais humilde opinião acho que o Jô tem uma carreira irregular como escritor, os livros alternam-se entre ótimos, bons e ruins.

Sua mais recente obra, As Esganadas, que pretendo abandonar, segue a mesma linha editorial que o autor consegue fazer muito bem, livros policialescos que misturam fatos da história real com a fictícia inventividade do autor. Nesse livro Jô consegue a proeza de revelar o assassino logo nos primeiros capítulos, inclusive suas motivações psicológicas, ou psicanalíticas como preferem alguns, sem que isso nos faça perder o interesse pela leitura. A descrição primorosa das vítimas nos faz cúmplices, as trapalhadas da polícia nos faz rir, e por fim vibrar com as deduções de Tobias Esteves, inspetor português que ajuda o delegado Noronha a desmascarar o autor dos crimes.

O prefácio escrito por Luis Fernando Veríssimo nos dá uma excelente dica: “Jô é um grande fazedor de tipos. Sabe como poucos construir um personagem, defini-lo com um detalhe e dar-lhe vida com graça e inteligência... Toda a ficção do Jô é feita de grandes personagens envolvidos em grandes tramas.”

Eu concordo... Mas só de vez em quando.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Restaurante Shiro
Data: 03/02/2013

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