domingo, 22 de abril de 2012

PÉROLA

Depois da euforia por completar dois anos de escritas no blog estou de volta ao exercício de abandonar livros por aí e aproveito para inaugurar uma nova série. E desta vez farei o caminho inverso. Sempre considerei como personagem principal ‘o livro’, que, às vezes, devido ao sucesso acaba adaptado para outras praias, ou outras mídias como os modernos gostam de dizer. Desta vez trarei uma série de resenhas sobre livros que nasceram de outras vertentes, mas que foram imortalizar-se nas páginas seguras de uma edição literária.
Pérola é uma obra prima do grande Mauro Rasi (1949-2003), nasceu texto para o teatro e teve sua primeira temporada iniciada no Teatro Leblon dia 24 de março de 1995. Vera Holtz, Sergio Mamberti, Emilio de Mello formam o trio principal: Mãe, Pai e Filho, retirados do núcleo familiar do autor e retratados de forma teatral, sensível, delirante, despertando no expectador a forma de partilhar pequenos sentimentos, aqueles que nos chegam individualmente. Essa família de Bauru no interior de São Paulo se traduz em qualquer família, de qualquer cidade, com suas emoções corriqueiras, conversas na cozinha, sonhos de status traduzidos na construção de uma piscina no quintal para reencarnar a Ester Williams interiorana das telas do cinema.
Quando assisti ao espetáculo na sua temporada paulistana o que mais ouvi depois do final grandiloquente foi a frase; “igualzinho a minha família”. Prova do sucesso da peça, prova da qualidade do texto de Mauro e da direção tão acertada que ele fez do próprio texto. Mauro Rasi tinha a consciência e a vivência dos fatos, ele sempre afirmava que “saí de Bauru, mas Bauru nunca saiu de mim”.
A peça ficou cinco anos em cartaz e viajou pelas principais cidades, eu tive a sorte de assistir duas vezes, ri muito com as peripécias e Pérola e me emocionei junto com ela a cada conquista. Família é assim, em qualquer lugar, em qualquer endereço, briga, faz as pazes, comemora, chora e segue cheia de histórias. Vale a pena o resgate do texto, até mesmo para quem não sentou na cadeira do teatro e esperou pelo terceiro sinal.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Associação Atlética da Bahia
Data: 06/05/2012

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