domingo, 18 de março de 2012

ORLANDO


O mais popular livro da grande escritora Virginia Woolf (1882-1941), Orlando é uma biografia fantástica de um nobre inglês do século XVI. Nascido homem, sem nenhuma sombra de dúvida quanto a isso, atravessa o tempo e num belo dia acorda mulher. Suas aventuras e desventuras são narradas desde o século XVI até o dia 28 de novembro de 1928, data em que o livro foi oficialmente lançado. Orlando é um nobre e está constantemente em busca do amor e da arte. E é através dele que Virginia Woolf apresenta um panorama das transformações sofridas na Inglaterra e nos brinda com divertidas comparações entre homens e mulheres, que acima de tudo servem para desenhar o personagem título do livro como um ser humano, independente do sexo.
Virginia Woolf era uma visionária, esta obra foi escrita em 1928 e, dadas as devidas proporções, permanece no topo da modernidade. Suas obras mais marcantes como Mrs Dalloway (1925), Passeio ao Farol (1927) e Orlando (1928), revelam a grande autora, pensadora e a mulher atormentada pela existência em si. Fato esse que a levaria a cometer suicídio de uma forma tão incomum. No dia 28 de março de 1941 ela vestiu um casaco, encheu seus bolsos com pedras e entrou no Rio Ouse, afogando-se. Seu corpo só foi encontrado no dia 18 de abril. Virginia deixou um bilhete para seu marido, Leonard Woolf, e para a irmã, Vanessa. Neste bilhete, ela se despede das pessoas que mais amara na vida.
Adaptar essa obra para o cinema não foi fácil, em 1993, com uma direção segura, Sally Potter empenhou-se e fez um trabalho primoroso. Desde a escolha do elenco, e aqui cabe um parêntese para falar de Tilda Swinton, uma das atrizes mais andróginas que já vi em cena, fazendo-nos esquecer de que é uma mulher interpretando um homem durante a metade do filme. Além dela temos Quentin Crisp no maravilhoso papel da Rainha Elizabeth I e um Billy Zane carregado na feminilidade, mesmo fazendo um papel masculino. Isso sem falar dos figurinos, direção de arte, fotografia e a trilha sonora memorável, que ouço agora enquanto escrevo o post.
Para quem já leu Orlando e sabe que o narrador no livro é uma peça chave para a comicidade e os pensamentos de Virginia Woolf, saiba que o filme não tem narrador, mas, na minha humilde opinião, não se perde nada por isso. As encaradas de Orlando para a lente geram no filme a cumplicidade que o narrador tem conosco no livro. Vale a pena ver e vale à pena ler, sem sombra de dúvida.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Sorveteria Cubana
Data: 14/04/2012

4 comentários:

  1. Lindo post! Não li o livro, mas vi o excelente filme. Mexeu muito comigo...

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  2. Comigo também. Li este livro ainda muito jovem e não tinha maturidade para compreender tudo que Virginia dizia. Faz uns dois anos que li novamente e fui surpreendido, parecia outro livro. O filme eu não vejo faz um tempão, mas a trilha sonora... essa me acompanha.

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  3. Hmm deu vontade de ler o livro, mas acho que vou só assistir ao filme mais uma vez!
    Parabéns pelo Blog! É incrível!

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  4. Wendel, se ler o livro verá que você tem muito de Viginia Wollf, principalmente tipo de humor. Ela era muito engraçada e com um humor quase ácido. Sei que o livro é longo, e tem toda a explicação sobre o jeito de ser dos ingleses, mas vale a pena, tenha certeza.

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