domingo, 29 de janeiro de 2012
SE HOUVER AMANHÃ
Já escrevi aqui sobre Sidney Sheldon (1917-2007) no post ‘O Outro Lado da Meia Noite’ em abril de 2010. Ele é um escritor perfeito para esta série de verão sobre livros que você não consegue parar de ler. Uma vez ele comentou numa entrevista que tentava escrever seus livros "de uma maneira que os leitores não pudessem largá-lo, construí-los de um jeito que o leitor termina um capítulo e tem que ler mais um", na grande maioria das vezes suas histórias contam com mulheres belas, fortes e determinadas. Outro ingrediente muito comum nos seus livros são os lugares e os luxos para os quais somos transportados, ou tomamos conhecimento da existência, ele acreditava que não podia "enganar o leitor", por isso sempre que descrevia algum lugar visitado por seus personagens é porque já havia estado nele. Confesso que isso é o que mais me fascina em seus livros, a oportunidade de adquirir cultura durante um bom entretenimento.
O livro que pretendo abandonar é o meu preferido dentre os mais de 25 títulos publicados, foi o meu recorde, li 402 páginas em pouco mais de 40 horas. Relata a história de uma mulher chamada Tracy Whitney. Ela se considera uma mulher de sorte e feliz, tem um bom emprego e vai se casar com um homem da alta-sociedade, carinhoso e bonito. Esse sentimento de felicidade durou somente até uma tragédia acontecer com sua mãe, Tracy caiu numa cilada e foi condenada a quinze anos de prisão. Ela conseguiu a liberdade antes do prazo, e começou a bolar a vingança contra todos os que a haviam prejudicado usando duas armas: sua inteligência e estonteante beleza.
O livro é como um filme da série Indiana Jones, a cada três minutos acontece uma reviravolta. Nova Orleans, Londres, Paris, Biarritz, Madri, Amsterdam são as várias locações, os museus mais famosos, jóias exuberantes, fazem parte da vida da “nova” Tracy. Crimes perfeitos, como o roubo de um quadro de Goya do Museu do Prado, são um desafio para Tracy Whitney. Mas ela não é uma ladra qualquer, para vingar-se dos homens que a colocaram injustamente na prisão, Tracy torna-se uma especialista em aplicar grandes golpes em empresários inescrupulosos, isso até conhecer Jeff Stevens... E mais não conto.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Praia de Amaralina - Quiosque das baianas de acarajé
Data: 17/03/2012
sábado, 21 de janeiro de 2012
A ÚLTIMA MÚSICA
Este livro nasceu filme, um roteiro de filme. Na minha humilde opinião o filme é ruim. Não sei o que houve, achei a direção equivocada, e também não havia uma boa química entre os atores, aspecto fundamental já que se trata de um filme... digamos... sensível.
Mas como eu costumo ler o livro antes de ver o filme, não fui invadido por imagens e a cara dos personagens restringiu-se somente à foto da capa. Então, uma vez que pude me entregar à leitura livre de qualquer influência, posso afirmar que o livro é bem melhor, meio água com açúcar para o meu gosto pessoal, mas nem por isso posso comparar sua história com aqueles antigos livros de banca chamados; Julia, Sabrina, Bianca, que eu fazia a festa lendo quase um por dia enquanto sacolejava no ônibus em direção ao trabalho. Nossa, me senti velho agora.
O livro que vou abandonar foi escrito por Nicholas Sparks (1965), ele assina sozinho a obra, embora para o roteiro do filme tenha tido a colaboração de Jeff Van Wie, e conta a história de Verônica Miller, ou Ronnie como todos a chamam. Aos dezessete anos Ronnie vê sua vida virar de cabeça para baixo quando seus pais acabam o casamento, depois seu pai decide abandonar a música e vai morar em Wrightsville, na Carolina do Norte. Três anos depois, ela continua magoada e distante dos pais, particularmente do pai. É aí que sua mãe decide que seria melhor para os filhos que eles passem as férias de verão com o pai, que a esta altura vive tranquilamente na cidade costeira, absorto na restauração de um vitral que será a peça central da igreja local. A princípio Ronnie rejeita toda e qualquer tentativa de aproximação do pai e ameaça voltar para Nova York antes do verão acabar. Então o destino começa a agir e ela conhece Will. No início o relacionamento entre os dois é conflituoso, ele é o garoto mais popular da cidade e ela é a garota agressiva, até que um ninho de tartarugas começa a mudar tudo.
Ficou curioso? Então comece a ler, você não vai conseguir parar até acabar.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Praia da Pituba - Em frente a Perini
Data: 17/03/2012
domingo, 15 de janeiro de 2012
O FUGITIVO
Quer emoção? Então siga esse roteiro.
“Ao voltar para casa, depois de uma chamada de emergência, o cirurgião Richard Kimble luta desesperadamente com um homem que usava um braço mecânico e que atacara sua esposa. Sem conseguir detê-lo, Kimble é encontrado pela Polícia ao lado da esposa morta, é acusado e condenado pelo crime.
A caminho da penitenciária, ele encontra uma oportunidade de fuga quando o ônibus em que é transportado se choca com um trem. Ao fugir para tentar encontrar o verdadeiro assassino, única forma de provar sua inocência e salvar a própria pele, Kimble se torna alvo de uma caçada humana implacável, empreendida pelo delegado federal Samuel Gerard, um policial frio e experiente que fará de tudo para trazê-lo de volta, vivo ou morto.
Cada vez mais acuado, o Dr.Richard Kimble avança naquele caminho sem volta, farejando a única prova capaz de inocentá-lo: o homem do braço mecânico. O verdadeiro assassino que ninguém acredita existir.
Está lembrado desse roteiro? O filme, baseado na série de TV produzida nos EUA nos anos sessenta, esteou em 1993 e ganharia o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante para Tommy Lee Jones na brilhante atuação para o delegado Sanuel, tinha também Harrison Ford vivendo o medico Richard Kimble, um dos papéis marcantes de sua carreira. O livro “O Fugitivo”, de J. M. Dillard, é uma adaptação do roteiro do filme e mantém o mesmo clima eletrizante de ação e suspense do filme que lhe deu origem.
Devorei suas 188 paginas em um dia.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Café Gourmet - Shopping Barra - 3. Piso
Data: 17/03/2012
sábado, 7 de janeiro de 2012
OS SONHOS MORREM PRIMEIRO
Se no verão passado eu escrevi sobre livros para ler na praia; histórias curtas, contos, crônicas, este ano farei diferente. Vou abandonar livros que farão você perder-se no tempo, e quando digo isso refiro-me à aqueles livros que te deixam ansioso pelo próximo capítulo, que a cada página lida a vontade de continuar é irresistível, e quando termina você fica órfão, como se quisesse saber mais e continuar a história. Com isso você será capaz de esquecer o protetor solar na praia e, ao voltar para casa, perceber que virou um tomate de tão vermelho, ou deixar derreter o seu sorvete preferido, esfriar o café, e até queimar aquele macarrão instantâneo que preparou para o almoço justamente para não perder tempo na cozinha.
Para começar esta série de verão eu escolhi abandonar Os Sonhos Morrem Primeiro, de Harold Robbins (1916-1997). Robbins teve seu primeiro livro publicado em 1948, ‘Nunca Ame um Estranho’, que contava histórias autobiográficas. Seu primeiro grande sucesso foi ‘Uma Prece para Danny Fischer’ (1952), a partir daí consagrou o estilo Harold Robbins de escrever: ambição, sexo, poder, são ingredientes das suas obras com mais de 250 milhões de livros vendidos e traduzidos para mais de 40 países.
Os Sonhos Morrem Primeiro teve sua primeira edição em 1977 e conta a história de Gareth, um jovem que levava uma vida de parasita depois de ter lutado na guerra do Vietnã, é bancado pelo governo pós guerra, até ver surgir uma oportunidade quando seu tio Lonergan lhe oferece a compra de um jornaleco chamado Hollywood Express, que nada mais era do que uma folha de propagandas. Aliando-se então ao jovem homossexual Bobby, fotógrafo e design, apaixonado por ele, e Verita, caixa do banco que lhe pagava o seguro do governo, garota mexicana com poucas oportunidades na vida e com uma espécie de relacionamento aberto com o protagonista, Gareth irá transformar o jornal em uma revista masculina de grande sucesso. Os bastidores do crescimento profissional e pessoal do jovem Gareth é recheado pelos ingredientes mais marcantes do autor: ambição, sexo e poder, não necessariamente nessa ordem.
Harold Robbins tem uma estrela com seu nome na Calçada da Fama, fica na altura do número 6.743 na Boulevard de Hollywood. Tá bom pra você?
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Ponto de ônibus - Av. Prof. Magalhães Neto - Em frente ao colégio Módulo
Data: 11/03/2012
domingo, 1 de janeiro de 2012
FELIZ ANO VELHO
A editora Brasiliense, a quem devo muito do meu gosto literário, tinha, ou tem, já não sei mais, uma série chamada ‘Cantadas Literárias’. Por causa dessa série tive a oportunidade de ler obras de Caio Fernando Abreu, Martha Medeiros, Leminski, e o grande best seller nacional da década de 80, Feliz Ano Velho, do estreante Marcelo Rubens Paiva.
Mas como um garoto de 22 anos consegue ter um livro de sua autoria na lista dos mais vendidos por semanas e semanas? A resposta é simples: é um livro real, escrito na primeira pessoa, na linguagem da época com suas gírias e palavrões, relatando uma história de vida, ou mais precisamente, o momento em que a vida mudou de rumo e o Marcelo fez do limão uma ótima limonada, literalmente, ou "literaturalmente", se é que essa palavra existe.
O livro conta a história do acidente que deixou Marcelo tetraplégico. O até então jovem de classe média paulistana vê sua vida virar num redemoinho em questão de segundos, tudo por causa de um mergulho num lago como se fosse o Tio Patinhas em sua piscina de moedas de ouro. Mas o que ele não contava era que o local do mergulho tinha somente meio metro de profundidade e Marcelo sofreu um choque na cabeça comprimindo e quebrando uma vértebra e, consequentemente, ficou com o corpo paralisado do pescoço para baixo. O livro começa exatamente neste momento.
Mas quem espera um livro de lamentações e lágrimas vai cair da cadeira, não digo do cavalo porque nunca vi ninguém ler montado num cavalo. Apesar do tema trágico o livro tem momentos de extremo humor, e, claro, muitas reflexões. Ele era um jovem de vinte anos que se vê obrigado a reaprender a viver. As descobertas vão desde a repetitiva fisioterapia e o retorno de uns poucos movimentos dos braços e mãos, seus dias no hospital, as visitas que recebeu, as histórias que viveu são contadas sob uma nova perspectiva: a de um jovem que sempre fez tudo o que podia e queria, e que, agora, sentado em uma cadeira de rodas, vê-se impotente diante dos acontecimentos, dependendo da ajuda de amigos e familiares para as coisas mais banais da vida. Há momentos hilários como as idas ao banheiro, momentos de intimidade quando a testosterona dos vinte anos vem à tona e ele percebe que ainda pode sentir desejo sexual, e muitos momentos de aprendizado.
Feliz Ano Velho virou peça de teatro dirigida por Paulo Betti que revelou para a mídia atores como Lília Cabral e Marcos Frota. Também foi adaptado para o cinema com direção de Roberto Gervitz, e já passou da edição de número 50, feito raríssimo para a época e até os dias de hoje.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Balaustrada Praia do Farol da Barra - Em frente ao Bahia Flat
Data: 10/03/2012
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