sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE UM ATOR PORNÔ
Em função do meu trabalho, durante os anos que vivi em São Paulo, tive a oportunidade de conhecer uma quantidade muito grande de pessoas, e por causa de um projeto chamado Quinta No Cinema, no qual a Embratel comprava todos os ingressos de uma sessão de cinema e sorteava entre os funcionários interessados, frequentei muito o Espaço Unibanco de Cinema do Shopping Frei Caneca. Acompanhei esse projeto por quase dois anos e já conhecia todos por lá; os gerentes (de diferentes turnos), os relações públicas, os bilheteiros, as pessoas da limpeza e da cafeteria.
Nos dias do evento chegava cedo ao shopping e ia direto para a cafeteria comer uma quiche de alho-poró, um pão de queijo e um café com leite grande, ritual sagrado para quem saiu do trabalho às pressas e foi direto ao evento sem direito a jantar. Foi então que conheci o Sergio Clemente, autor desse livro que ora abandono. Sergio era balconista da cafeteira, um cara inteligente, articulado, sensível e até um pouco tímido. Ele me presenteou com um livro de sua autoria e pediu que escrevesse uma resenha no site da Livraria Cultura para ajudar na divulgação da sua obra.
Dias se passaram eu tive que ir até Porto Alegre ministrar um treinamento, bem naquela fase dos aeroportos em estado de caos completo, os vôos atrasavam até dez horas sem que nada pudesse ser feito a não ser esperar. Me vi numa sala de espera apinhada de pessoas e para passar o tempo eu tinha o material de trabalho e o livro Memórias Póstumas de um Ator Pornô, não demorei muito a decidir pelo livro e com isso me desliguei completamente do aeroporto.
O livro é uma homenagem burlesca ao Machado de Assis e sua obra Memórias Póstumas de Brás Cubas. Escrito na primeira pessoa pelo personagem principal Hator P.P.P. que morre em 1988 em pleno trabalho, num set de filmagem gravando seu vigésimo sétimo filme pornô. A partir daí Hator nos conta da sua infância, sua mãe, suas vizinhas, suas colegas de escola e como se tornaria o maior ator pornô do Brasil. Confesso a vocês que dei boas risadas e até fiquei chateado quando anunciaram o meu vôo. Acomodei-me rapidamente no avião e voltei a me deliciar com as aventuras de Hator P.P.P.
Lição aprendida: não subestime um jovem escritor, esteja ele onde estiver, num balcão de cafeteria ou na Bienal do Livro.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Ponto de ônibus - UFBA - Pavilhão de aulas do Canela - Av. Reitor Miguel Calmon
Data: 09/04/2011
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Belo texto! Fiquei curioso quanto ao livro...
ResponderExcluirRoberto, vale a pena, e o livro é fininho, tem umas 100 páginas. Tu vai ler numa sentada.
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