domingo, 12 de dezembro de 2010
LOLITA
Não se assuste com o nome do autor desse livro, Vladimir Nabokov (1899-1977). É russo, mas sua literatura nada se aproxima dos tratados do Kremlin, muito pelo contrário, é uma escrita irreverente e refinada, uma aventura intelectual que não te deixará indiferente, amarás ou odiarás esse relato apaixonado, de uma sensualidade alucinada, que o tornou uma das obras mais polêmicas da literatura contemporânea universal, figurinha fácil em qualquer lista de livros que você deve ler antes de morrer.
Muito arrojado para a moral vigente na época o romance foi recusado por várias editoras até que em 1955 foi lançado por uma editora parisiense. Houve quem o definisse como um dos melhores do ano e houve quem o considerasse pornografia pura. Visto hoje, filtrado pelos anos e por uma verdadeira biblioteca de comentários e críticas, em tempos de BBB, mulheres frutas e casos de pedofilia até na cúria católica, Lolita parece sobretudo uma apaixonada história de amor. O romance é narrado em primeira pessoa pelo protagonista Humbert, professor de poesia, homem de meia-idade obsessivo e cínico, num misto de confissão e memória ele conta a irreprimível e desastrosa atração por Dolores, garota perversamente ingênua, filha de doze anos de sua senhoria, a quem ele apelidou de Lolita.
A química se faz entre os dois e dá origem a uma obra instigante onde se cruzam temas clássicos da literatura, e porque não dizer, das artes, como: paixão, juventude, amadurecimento. A trama que envolve os dois personagens escapa do simples desejo sexual e resvala na questão do tempo. O tempo que retardou, no professor, o tempo que acelerou, na garota, a paixão que ambos nunca sentiram, condicionados pelas circunstâncias da época, falamos de 1955, que esboçava derrubar tabus milenares da burguesia já fracassada. Não à toa o livro foi incorporado ao imaginário coletivo e o nome da personagem tornou-se gíria de natureza sexual, lolita e ninfeta são substantivos recorrentes até hoje para menores de idade sexualmente atraentes, prova do alcance da genialidade do autor.
Lolita teve duas versões cinematográficas, a primeira em 1962 realizada por Stanley Kubrick e a outra em 1997 por Adrian Lyne, mas não se deixe levar pelo caminho mais fácil, a meu ver nenhuma delas chega aos pés da técnica e do envolvimento que o livro traz.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Fórum Ruy Barbosa - 1º Piso
Data: 07/02/2011
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Meu querido amigo Od!
ResponderExcluirTudo que vier de vc sempre terá este refinamento e bom gosto!
Se vc diz que o livro é bom, eu acredito e dou fé!DIXT!
bjs e parabéns pelo lindo trabalho em seu blog!!!
Com amor,
Meg
Meg,
ResponderExcluirObrigado pelo carinho.